A morte

A morte é um esconderijo
onde me guardarei
secreta à eternidade.
Um sítio onde poderei pensar
sem julgamentos,
escrever sem medos e viver,
somente viver a morte
de todos aqueles anos
que enterrei bravamente.
Não saberei caminhar em frente
sem todos aqueles ensinamentos
que tirei dos mais sangrentos.
Perecerei na saudade
de não ter voltado
onde sempre quis voltar,
de não ter vivido
o que sempre quis viver.
A consciência do que não fiz
e poderia ter feito,
os beijos que não dei
e poderia ter dado,
os sonhos que não realizei
e tudo aquilo que o tempo me furtou.
A morte vive, verdadeiramente,
em tudo aquilo
que não fui, não sou e nunca serei.

Sofia Geirinhas (Poetisa do pé-descalço)

Art - Edvard Munch - Galeria Nacional da Dinamarca

 

Edvard-Munch.jpg