DAVID

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A estátua de David, por Michelangelo Buonarroti, tem 5,17 metros de altura. O jovem é representado pelo génio aretino momentos antes do início do combate com Golias. A sua mão esquerda segura uma funda que pende, numa lassidão enganadora, do seu ombro, a mão direita enclavinha-se em torno de uma pedra. O olhar de David está fixado no inimigo, do qual mede a figura e a distância. Tira-lhe, digamos, as medidas. A expressão com que olha é tensa e ao mesmo tempo firme, o extremo de uma linha recta que não autoriza vacilação ou incerteza. David não teme, não hesita, não duvida. Respeita o outro, mas sabe que a sua causa é justa e o desenlace decisivo. A pedra não falhará.

 

Tudo oposto ao que nós hoje somos, nesta Europa que teve, um dia, Michelangelo e Leonardo e Ghiberti e Brunelleschi. E hoje mostra apenas uma imensa cobardia, feita de vazio e de ausência de alma. Sem olhos para olhar, sem adversário para medir, sem além para almejar.

José Costa Pinto