Este real trono de reis
Este real trono de reis, esta ilha de ceptros,
Esta terra majestosa, este assento de Marte,
Este outro Éden, este meio paraíso,
Esta fortaleza que a Natureza para si fez,
Contra a doença e contra a mão da Guerra,
Esta feliz estirpe de homens, este pequeno mundo,
Esta pedra preciosa no mar de prata colocada,
O qual a serve, servindo de muralha,
Ou como um dique de defesa a uma casa,
Contra a inveja de mãos menos felizes, —
Este torrão bendito, esta terra, este lugar, esta Inglaterra.
Shakespeare, Ricardo II, acto ii, cena i
Pensei nestes versos ontem a ver a bola e senti que tinham passado quatrocentos anos. Pelo menos. A Inglaterra, o prócere da modernidade, está a morrer. Um dia Shakespeare será proibido nas escolas.
José Costa Pinto