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Resultado de imagem para Arquipélago Gulag

Estou no alfarrabista a percorrer a letra S nas estantes da política. Saramago, Soares, Soljenitzin. Cá está.

– Só tem o primeiro volume do Arquipélago do Gulag, digo eu. E o segundo?

– Ah, o segundo, diz-me o senhor Ângelo. Quer o segundo? Arranjo um, mas é caro.

– Ah, sim?

– Primeiros arranjo-lhe os que quiser, a cinco euros. Mas o segundo não se arranja.

– E porquê?, pergunto curioso.

– Os comunas (ele diz comunistas, mas eu não vou gastar uma sílaba quando tal não se justifica), os comunas destruíram-nos depois do 25 de Abril. Todos os que ainda estavam nos armazéns e não tinham ido para as livrarias. Poucos escaparam. Foi um ver se te avias. É por isso que agora são tão caros.

Pobre literatura russa. Não lhe bastou o Estaline, ainda teve de sofrer as guilhotinas dos tipógrafos de Lisboa e dos carregadores de Alverca. Invoco barbudos a passar a fio de espada grossos tomos, de quinhentas páginas cada um, de um ex-recluso siberiano. Tudo isto em nome dos amanhãs que cantam.

José Costa Pinto