ALTA VELOCIDADE A PATINAR COMO O “METRO” COIMBRA ESTEVE

Coimbra já começa a estar habituada aos atrasos dos projetos. A nova maternidade, o Tribunal e o “metrobus” foram habituando a população à paciência para aguardarem pelas infraestruturas. O caso da “metrobus” demorou 30 anos e o projeto da Alta Velocidade está há oito meses para lançar concurso.
Dizem os conimbricenses que também está a “patinar”. Em Fevereiro, o consórcio Lusolav, que entregou a única proposta ao concurso para este troço, foi excluído do concurso por incumprimento do caderno de encargos.
Oito meses depois, o Governo anunciou que opta por terminar a linha mais a norte e reduzir os encargos da obra, aumentando o prazo de desenvolvimento em seis meses. Todavia, ainda não lançou o concurso para o troço que passa por Coimbra e tem incluída a requalificação da Estação Coimbra B.
O concurso está para ser lançado, mas o Governo, a Infraestruturas de Portugal (IP) e a própria Câmara Municipal de Coimbra têm anunciado vários prazos durante este tempo. Em Abril, a IP anunciou que o concurso seria lançado até ao final de Maio.
Mais tarde, em Julho, foi a Câmara Municipal de Coimbra a garantir que seria lançado até ao final desse mês. Já em setembro, o ministro Miguel Pinto Luz assegurou que o Governo está a “ultimar” o lançamento.
A Infraestruturas de Portugal (IP) publicou em Abril, deste ano, no Jornal Oficial da União Europeia o anúncio de pré-informação, no qual dá nota de algumas alterações face ao concurso inicial. Ao contrário do primeiro concurso, que previa que este troço tivesse uma extensão aproximada de 71 quilómetros de linha de alta velocidade, agora o objeto do procedimento faz referência a uma linha com 60 quilómetros de extensão. Mesmo assim demora a abrir concurso.
O primeiro concurso previa a adaptação da atual estação de Coimbra às necessidades da alta velocidade, a quadruplicação da linha do Norte entre Taveiro e a entrada sul da estação de Coimbra e uma subestação de tração elétrica na zona de Coimbra. Incluía ainda ligações em via única, desniveladas e nos dois sentidos, à linha do Norte, totalizando, aproximadamente, 34 quilómetros de extensão, a materializar nas proximidades de Oiã, Adémia, Taveiro e Soure.
Em Abril, o anúncio de pré-informação publicado pela IP referia uma linha com 60 km de extensão, em via dupla de bitola 1668 mm para passageiros e velocidade máxima de 300 km/h, com ligações à linha do Norte em Oiã, Adémia e Taveiro, totalizando 22 km de extensão, de 200 km/h de velocidade máxima mantendo-se a adaptação da estação de Coimbra B e a quadruplicação da linha do Norte entre Taveiro e a entrada sul da estação de Coimbra B.
Além de não incluir a manutenção da estação de Coimbra B, o concurso deixou de fora a manutenção de outros ativos construídos pela concessionária que vão passar para a IP após o período de desenvolvimento, como é o caso da «subestrutura e superestrutura da via-férrea da Linha do Norte intervencionada no âmbito da concessão entre as imediações de Alfarelos e Adémia, incluindo a estação de Coimbra B e todos os atravessamentos desnivelados e correspondentes restabelecimentos decorrentes desta intervenção; plataformas e edifício de passageiros, interface e estacionamento da estação de Coimbra B; e aparelhos de mudança de via nas ligações à Linha do Norte em Oiã, Adémia e Taveiro», como foi referido.
A publicação feita no final de Abril referia ainda que a concessionária seria remunerada por pagamentos de disponibilidade durante o período de disponibilidade e que «durante o período de desenvolvimento serão pagas as intervenções referentes aos ativos que transitam para a IP no final desse período», sendo ainda «disponibilizados fundos públicos atribuídos no âmbito do programa comunitário Connecting Europe Facility (CEF 2)».
O anuncio não fazia referência ao valor base do novo concurso, que inicialmente era da ordem dos 1,6 mil milhões de euros, mas o ministro das Infraestruturas Miguel Pinto Luz tinha já indicado que este preço se deveria manter.
Coimbra vai aguardar com toda a paciência a que nos vai habituando os projetos de infraesturas que servem mais a propaganda política do que a população.
AG
31-10-2025
