António de Sousa: Trovas de Coimbra
Nascido em 1898, no Porto, e falecido em 1981, em Oeiras, licenciado em Direito pela Universidade de Coimbra, colaborou em diversas revistas literárias. A sua poesia revela influência de António Nobre. Trabalhos mais importantes: «Caminhos», «Sete Luas», «O Náufrago Perfeito», «Jangada», «Livro de Bordo», «Linha de Terra», «Terra ao Mar».
Meu destino de estudante,
que hei de ser por toda a vida,
foi ir passando adiante
duma Coimbra perdida.
Fui às aulas nos Gerais
- a Cabra a chamar por mim. -
Lá me formei por demais,
mas só Deus sabe o meu fim.
Minha Coimbra, quem prova
como eu provei teu sabor?
António da Lua Nova,
menino do teu amor.
Só tu, meu Anto moreno,
Lá da Torre a vigiar
Se o luar voga sereno,
Se já passou o luar.
Coimbra - Santa Isabel,
como tu, linda e doente!
De manhã - favo de mel;
cravo roxo ao sol poente.
Ó Coimbra do Mondego
e dos amores que lá tive!
Quem te não viu anda cego;
quem te não ama, não vive.
Do Choupal até à Lapa
foi Coimbra os meus amores.
A sombra da minha capa
deu no chão, abriu em flores.
Coimbra dos Poetas
Fotografia FDUC