Bilhares

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Suspeita-se que as primeiras mesas de bilhar apareceram em França no ano de 1469. Jogado por reis e outros membros da nobreza, o bilhar tornou-se conhecido, desde 1800, como o "Nobre Jogo do Bilhar". À semelhança de outros aspetos associados ao estilo de vida, o bilhar desenvolveu-se no seio das casas reais ou da aristocracia, sendo mais tarde adotado pela burguesia, preocupada com o reconhecimento do seu estatuto.

Em “Os Maias”, de Eça de Queirós, o bilhar é representado como um jogo praticado, sobretudo, pela nobreza, nos salões da alta sociedade – “queria-o arruinar ao bilhar, força-lo a empenhar aqueles belos anéis, leva-lo ele, ministro da Finlândia e representante duma raça de reis fortes, a vender senhas à porta da Rua dos Condes!”.

Tal como sucedeu com outros desportos que mais tarde se popularizaram, nos anos vinte do século passado, a febre do bilhar chega a todas as cidades portuguesas e Coimbra não ficou de fora. Abriram salões de Bilhares em associações privadas e em espaços comerciais - dos primeiros destacamos entre outros na Associação Académica, no CADC, no ACM e no Tiro e Sport; dos comerciais recorda-se o Salão Brasil e posteriormente o Monumental e o Nacional.

Quase todos os cafés possuíam sala de bilhar anexada, com uma ou mais mesas, onde as luzes incidiam e as bolas azuis, laranja e vermelhas batiam nas tabelas da mesa, emitindo um som seco, quando colidiam uma nas outras.  Habitualmente, eram espaços onde o ambiente era tenso e de muita concentração, por parte dos jogadores, que eram indiferentes aos assistentes que no maior dos silêncios entravam e saiam.

Nos pequenos cafés, o bilhar era entendido na pura perspetiva do lazer, e fartos de leitura das enfadonhas sebentas, estudantes que por ali moravam, quebravam as tardes com uma partida de bilhar no Café Oásis, à Sé Velha!

Carlos Ferrão