COIMBRA: UM CENTRO/CORAÇÂO AMARROTADO

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O eixo central de Coimbra deslocou-se, aliás, como o de outras Cidades do Mundo, as mais conhecidas, consequência dos destinos dos tempos.

Mas o Centro, o chamado Coração, a Baixa e a Baixinha, não podem, mesmo que esse fenómeno universal tenha acontecido, ficar amarrotado, desfalecido, moribundo e a esvair-se da sua História ancestral, a dos Monumentos, a  dos locais típicos, a das famílias, a do ambiente social com as tascas, os seus cafés e restaurantes tradicionais, a da força do seu comércio lojista, a dos rostos castiços de gente que se estabeleceu aí e, também, não pode deixar-se abandonar, esboroando-se as casas antigas que abriram/em apetites à especulação imobiliária…

Não reparei que, e até hoje, pós a Revolução de Abril, tenha havido um Poder Local, a partir dos seus representantes, com Programas capazes de conceder nova vida, outra imagem e uma transformação adequada a essa zona de Coimbra.

Interessante será reflectir sobre uma certa realidade urbanístico-arquitectónica que, e não sei mesmo se Coimbra acordou para ela, à qual os entendidos rotulam de Gentrificação, ou seja, uma nova concepção para a zona Ribeirinha/Coração das Cidades – já nascida nos anos 60, em Londres, através dos “senhores” ricos, os gentry, os da nobreza da capital britânica – que redefine e dá vida a essa “marginalidade” urbana.

Gentrificação, a grosso modo, é o que se está a passar, também entre nós, de que Coimbra não escapa, que se respalda na ocupação de velhas casas pela nova forma de as recuperar arquitectonicamente, dando-lhes boba imagem e futuro. Os Alojamentos Locais, em Coimbra e não só, arrebataram a vida da Baixa e da Baixinha, mas sem lhe dar a vida de que o coração da Cidade precisaria para se revitalizar…

Importante é sublinhar que o dinamismo geral das Cidades, seja Coimbra ou outra qualquer no mundo, está intimamente ligado – segundo os arquitectos, os urbanistas, os engenheiros, os ambientalistas e outros – ao desempenho do Centro/Coração das mesmas Cidades.

Coimbra não tem ligado ao seu Centro Histórico-Monumental, à sua Baixa e Baixinha. Ao invés têm vindo a desprezá-lo, a abandoná-lo e a sufocá-lo.

A Baixa/Baixinha deixou de ter vida. Está moribunda.

Outras Cidades, as que tenho visitado, por esse Mundo além, rejuvenesceram, recriaram e reestabeleceram a sua parte nobre-histórica, as que lhe estão sobranceiras aos rios que as atravessam e as que lhes estão adjacentes, como a nossa Baixa e a Baixinha.

Tomar que os candidatos às novas eleições autárquicas peguem, e a sério, nesta faceta de vital importância para Coimbra. O Coração da urbe conimbricense não pode nem deve putrificar-se em agitação de vida social, comercial e familiar.

Fica o desafio.

António Barreiros