IGREJA DE SÃO TIAGO

 

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A IGREJA DE SÃO TIAGO fica situada na chamada Praça Velha ou Praça do Comércio, um dos polos de desenvolvimento urbano medieval, junto à principal entrada da Almedina, tendo no extremo oposto a igreja de São Bartolomeu. Há documentação conhecida em que é citado como prior um certo D. Onório, em 1131, o que prova que já existia uma igreja em pleno funcionamento, então, e que houve duas campanhas importantes de obras, nos séculos XII e XIII. Relativamente à situação jurídico-canónica, é certo que até 1183 esteve sujeita ao arcebispo de Santiago, e só a partir de então passou para a esfera do bispo de Coimbra. De qualquer modo, a igreja ficou sempre ligada às peregrinações a Santiago de Compostela.

A construção românica actual, ou o que se salvou, data dos últimos anos do século Xll, já do tempo do reinado de D. Sancho I, tendo sido sagrada já no ano de 1206.

Em 1546, a Misericórdia de Coimbra iniciou insolitamente a construção das suas instalações sobre a nave direita do templo, tendo-se depois estendido a outras partes dos telhados, o que levou à descaracterização de toda a zona superior da igreja. Estas obras demoraram apenas três anos, de 1546 a 1549, e estiveram a cargo de João de Ruão, documentado em processos da própria Misericórdia datados de 1549. Fez para aqui um imponente retábulo e uma relevo de Nossa Senhora do Manto ou da Misericórdia, hoje expostos no Museu Nacional de Machado de Castro.

Em 1861, com o desejo de alargar a Rua do Coruche, a cabeceira foi parcialmente demolida, cortando-se as respectivas capelas. Só em 1906 é que as instalações da antiga igreja da Misericórdia foi demolida, mas o restauro altamente polémico dirigido por António Augusto Gonçalves só foi concluído em 1935.

De facto, a actual terminação triangular não corresponde à primitiva, que era como a das restantes igrejas paroquiais da cidade, toda direita, como que uma reprodução da Sé Velha, de cujo estilo é seguidora.

Dois portais exteriores constituem o seu principal motivo de interesse, sobretudo devido à decoração dos capitéis, colunelos e das arquivoltas, mais evolucionados do que os que se podem ver na Sé Velha, por exemplo.

O plano interior divide-se em três naves cobertas por um madeiramento geral, totalmente inventado, possuindo uma cabeceira tríplice, com ábside e dois absidíolos paralelos e mais pequenos, hoje mutilados na sua extensão, como se disse. Na capela-mor, está um belo retábulo de talha dourada e marmoreada, da segunda metade do século XVIII, já do fim do rococó, proveniente da igreja de São João de Almedina.

Na parede do lado esquerdo, abre-se uma capela gótica do século XV, de estilo flamejante, com a planta quadrada coberta por uma abóbada de cruzaria ogival. O portal apresenta um belíssimo alfiz decorado com motivos ondeados, num belíssimo estilo flamejante, onde se denotam as influências do gótico internacionalista europeu mais erudito. Inivialmente esta capela estava do lado oposto, mas foi deslocada, para o lançamento da escadaria mais ampla que liga a antiga Rua do Coruche ou da Calçada à Praça Velha. 

Pedro Dias