O Forjador de Almas

Carlos-Ferrao14.png

James Rollins tem um talento especial, e a sua impressionante originalidade tem sido saudada pelos críticos e abraçada por milhões de leitores em todo o mundo. A sua série Força Sigma, na qual se insere “O Forjador de Almas”, pode ser considerada uma das melhores leituras em tempos de confinamento. Os seus livros refletem a preferência do público e as suas obras estão traduzidas em mais de quarenta idiomas. Rollins é conhecido por revelar mundos invisíveis, descobertas científicas e segredos históricos, e as suas narrativas são pautadas por um ritmo alucinante.

Rollins é um fortíssimo contador de histórias e neste romance usa e abusa da inteligência artificial e enfrenta os mistérios espirituais mais profundos da humanidade cruzados com as novas tecnologias. Ao longo do romance, partes da ação, têm como cenário, as instalações medievais, o acervo bibliográfico, e as capacidades tecnológicas que a Universidade de Coimbra como se pode ler nestes pequenos excertos:

“…Caminhando apressada, atravessou a biblioteca da universidade às escuras e os seus passos ecoaram do chão de mármore até ao teto de tijolo da galeria medieval de dois pisos. A toda a volta, estantes ornamentadas guardavam livros que remontavam ao século XII. Com o vasto espaço iluminado apenas por uns quantos candelabros de parede, Charlotte admirou com pasmo as escadarias sombrias, o elaborado trabalho de talha dourada.

Construída no início do século XVIII, a Biblioteca Joanina permanecia como uma pérola do barroco em perfeito estado de conservação e o verdadeiro centro histórico da Universidade de Coimbra. E, como qualquer outra casa do tesouro, tratava-se de um autêntico cofre, com paredes de meio metro de espessura e portas de madeira de teca maciça. Esta morfologia arquitetónica propositada mantinha uma temperatura interior constante entre os dezoito e os vinte graus, independentemente das estações do ano, assim como um nível baixo de humidade….”

“… Ao fundo, um brilho mais forte iluminava uma arcada que se abria para uma escada de caracol, descendo para os pisos inferiores da biblioteca. Graças à beleza histórica do espaço, o piso superior chamava-se Salão Nobre. Diretamente por baixo, o piso intermédio era o domínio dos bibliotecários, onde se encontram guardados os livros mais raros e valiosos.

O destino de Charlotte, porém, ficava ainda mais fundo no subsolo. Com o tempo a esgotar-se apressou-se em direção à arcada. Por aquela altura, as outras estariam já reunidas lá em baixo.

Passou pelo retrato de Dom Pedro V, o rei português que fundara a biblioteca, e começou a descer a estreita escada de caracol que conduzia ao piso mais profundo do edifício.

Enquanto descia, um coro de vozes indistintas ergueu-se ao seu encontro. No último degrau, deteve-se diante de um portão de ferro forjado que fora deixado aberto. Por cima, havia uma placa onde de lia: PRISÂO ACADÈMICA.

Ela sorriu perante a ideia de uma prisão no subsolo de uma biblioteca e imaginou estudantes indisciplinados ou professores Bêbados a serem ali encarcerados. Outrora parte das masmorras do palácio real, o local continuara a funcionar como prisão da universidade até 1834. Nos dias que corriam, permanecia como o único exemplar de uma prisão medieval em Portugal…”

Cautelas e caldo de galinha nunca fizeram mal a ninguém. Cuidem-se!

Carlos Ferrão