ACADÉMICA , A PO-ÉTICA DO FUTEBOL

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 No próximo sábado ,no Estádio Cidade de Coimbra, os jogadores de futebol da equipa sénior da Académica oaf vão entrar no relvado de capa sobre os ombros . Será por certo um momento de grande valor simbólico que se deseja verdadeiro. Para isso é necessário que os atletas saibam o que estão ali a fazer: a representar um património absolutamente extraordinário, único de valores humanistas que se distingue da negociata que é hoje. Os jogadores que em 69 entraram em campo em sinal de luto, sabiam os riscos que estavam a correr e que estavam ali a representar uma Academia em defesa da Liberdade. Era gente que pensava e estudava para além da lógica do pontapé na bola.

Tomei conhecimento que um jogador da Briosa se recusou a jogar minutos antes do início da partida com o Famalicão , por razões contratuais prejudicando toda a equipa. Isto só é possível porque hoje quem manda nos jogadores são os empresários, essa máfia que tomou conta do espectáculo do futebol. Alguém que se comporta desta maneira não compreendeu sequer a "filosofia " do clube que representa.

Na Final da Taça disputada com o Sporting em que a Académica saiu vencedora, quem presidia então aos seus destinos decidiu que a equipa não entraria de capa. E só os distraídos ou os maluqinhos da bola não entenderam que essa atitude servia para marcar uma nova maneira de se ser da Académica, onde só o a máquina do futebol interessava. Tinha terminado a Briosa romântica, formadora de homens e começava a empresarial, pragmática, gestora de activos e mais valias.

No próximo sábado só espero, até porque estou com esta direcção presidida pelo Pedro Dias Roxo, que entre em campo a jovem e sempre eterna Académica, apoiada por um público que não chama filho da puta ao guarda redes adversário quando este chuta na bola e a põe em jogo, e que todos, inclusive a Câmara Municipal de Coimbra, cumpram as suas obrigações para com esta Causa que é a marca duma certa nobreza que resta, a dos valores. 

 

Carlos Carranca