Ainda o jogo Arouca vs Académica

Este domingo fui relatar pela RUC, Rádio Universidade de Coimbra, o jogo da Académica em Arouca.

Agora nesta idade deu-me para me meter numa rádio universitária. Crise de meia idade pensarão alguns que estão longe da verdade. Limitei-me a juntar o amor incondicional pela Académica com o ideário da RUC, uma rádio assumidamente parcial que se limita a dar conta aos muitos que não indo querem saber o que os muitos que vão podem ver. Assim posso continuar a ver a Académica, em casa e fora, com o coração de adepto e verbalizando o que me vai, como adepto, na alma.

 E domingo lá fui na companhia do colega de relatos Bruno, também ele com mais uns anitos que o estudante normal mas que voltou a estudar o que é sempre de aplaudir, até Arouca para trazer até todos os ouvintes da RUC o que se passaria no relvado. E aqui começa o pesadelo, o relvado.

 Antes de chegarmos ao estádio comemos uma bela posta arouquesa, fomos para a bancada de imprensa, montámos tudo e esperámos pelo início do jogo. Entretanto fomos vendo o aquecimento das equipas e estranhámos ele ser feito não em meio campo como é habitual mas num canto de cada lado, aqueles que ainda tinham relva. O resto foi poupado para o jogo e de nada valeu.

Início do jogo e um relato difícil dado que era pontapé para o ataque, corte da defesa para a frente, balão da defesa, falta no ataque. E assim fomos andando com aquilo que o campo deixava. Jogadores tecnicistas como Balogun ou o frágil Luisinho viam-se à nora para ali jogar. Se no relvado a coisa corria mal no limite do mesmo corria pior. Há muito tempo que não via tanto elemento do banco adversário a pressionar o árbitro e ou o adversário. O verniz estalou quando Mike foi abalroado por uma carga de ombro na cara feita por um adversário, o banco da AAC levantou-se, o médico aproximou-se do atleta lesionado e do banco do Arouca saíram 6 elementos em frenética correria contra… o treinador Ricardo Soares. Foi caricato ver esta ação e a reação do árbitro que saiu do relvado e foi mandar sentar os insurretos. Pensei que iria mostrar cartões mas não. A partir dali todas as decisões do árbitro foram contestadas e o banco da AAC pressionado também das bancadas. Até o presidente da AAC foi alvo de alguns impropérios. Na bancada oposta a Mancha e demais adeptos da AAC tentavam que a equipa jogasse o que perante tão parcas condições só a espaços aconteceu.

 Este futebol das más condições, do pressionar o adversário com intimidação constante, do culto do medo já pensava eu estar extinto. Afinal não, o feios, porcos e maus tem seguidores. E bons. Este clube já estivera envolvido em desacatos dos seus dirigentes nos balneários do SCP. Desta vez foi à vista de todos e não na subcave. Do mesmo, conjunto de situações, se queixou na conferência de imprensa Ricardo Soares, o treinador da AAC falou de batatal para descrever o terreno, da intimidação que já não se usa mas ainda vai sendo usada no futebol que temos e de mais um penalti duvidoso para um adversário. Mas o penalti, justo ou não é futebol, a intimidação e aquele terreno, não são.

Deixei para trás a simpática vila de cerca de 3 mil habitantes algo desanimado. O relato teve todas as condições técnicas para se realizar, o jogo não. Venha o próximo jogo, faço contas de subir de divisão e não jogar para o ano neste estádio…

Rui Rodrigues

 Coimbra

Fotos Rui Rodrigues

 

Foto de Rui Rodrigues.