“...como se sabe o treinador é de cavalos, só o educador é de pessoas...”

 

Há alguns adeptos da Académica que ficaram desiludidos com a atitude de Ivo Vieira.  Vendeu-se ao Estoril Praia? É natural. Vivemos no reino do capitalismo selvagem. Num futebol onde os jogadores são uma mercadoria, porque é que os treinadores não podem ser também mercadoria? E como se sabe o treinador é de cavalos, só o educador é de pessoas.  A hipocrisia de muitos ao ficarem escandalizados com esta prática que se tornou rotineira no comércio do pontapé na bola, não é aceitável. Um líder é também ele um educador e sabemos que, há muito, o futebol profissional abandonou essa cultura pela do oportunismo selvático.  A Académica está obrigada a ser igual a si mesma, logo, a pôr os princípios em primeiro lugar, até porque é essa a sua História. Quanto aos "treinadores", só se forem verdadeiramente cultos conseguirão mudar este estado de coisas, melhorando o estatuto do jogador de futebol, passando estes a serem homens em formação permanente, conferindo-lhe a dignidade de seres excepcionais, ídolos de gerações de jovens que se tornarão cidadãos conscientes do seu valor humano. Não são mercadoria. Para que tal aconteça, terão que ser exemplares. É difícil entender isto? A falta de vergonha tomou conta da sociedade e o futebol é, como se sabe, o reino do salve-se quem puder. A Académica vai ultrapassar mais esta crise de crescimento moral porque tem um presidente e uma direcção de jovens com memória que acreditam na palavra dada. E estou certo que não faltarão homens/mulheres capazes de cumprir e fazer cumprir os ideais duma causa com 130 anos de idade.

 

    Professor Carlos Carranca, 11 de Novembro de 2017

Enviada por: - Esmeralda Maria Botto Antas