Fim do andebol na Académica?

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O andebol da Associação da Académica vai acabar? Embora tudo pareça indicar que sim, esperamos que o bom senso-impere e o andebol da Briosa, dentro das possibilidades que tem, ou venha a ter, continue uma saga segura e honrosa,

Segue-se um resumo do comunicado arrasante da secção:

 

    Perante um crescente constrangimento financeiro, os atuais dirigentes assumem a difícil decisão de terminar com a Secção de Andebol exatamente no ano em que celebra os 80 anos. Consideramos que é nosso dever assumir o ónus da decisão, perante uma situação em que, inevitavelmente, terminaríamos a época desportiva com um défice estimado superior a 5.000 euros.

    Os factos são simples:

    — Até anos recentes, a Secção de Andebol recebia anualmente, através dos mecanismos de redistribuição de apoios da AAC para as secções desportivas (…), cerca de 7 a 10 mil euros anuais, a que acresce as quotas dos atletas de formação e outros patrocínios/ /apoios de empresas e afins (estes últimos essencialmente canalizados para a equipa sénior, maioritariamente formada por estudantes da UC);

    Nas últimas décadas, a situação alterou-se drasticamente, fundamentalmente devido aos seguintes factos;

    a) A DG, presidida então por Bruno Matias, assinou no último mês do seu mandato, um acordo com o “dito” academista Campos Coroa, de mais de 200 mil euros (a pagar a 25 anos), assumindo, sem contestar, uma suposta dívida ainda dos tempos em que este dirigiu a SA-AAC (uma dívida que se encontrava prescrita, no momento da assinatura do acordo, sem comprovativos contabilísticos e sustentado numa declaração assinada pelos dirigentes da secção de então, que não tinham competências para tal), no início dos anos 90, levando a DG, já presidida por José Dias, a comprometer a DG a assumir o pagamento de metade da mensalidade (400 euros) cabendo à SA-AAC, por retenção de verbas, o pagamento dos outros 400 euros mensais (total de 800 euros mensais durante 25 anos) – ou seja, 4.800 euros anuais que a SA-AAC deixa de receber.

    b) A UC, desde o início do primeiro mandato do Reitor João Gabriel Silva, considera que as Secções Desportivas, que praticam desporto federado e com escalões de formação, são um “custo” para a UC e que não se integra na missão de uma universidade pública, numa Universidade que se quer Global. (…)

    c) A DG, atualmente presidida por Alexandre Amado, considera natural e inevitável que as secções paguem para usar os espaços universitários, na aplicação de um princípio do utilizador-pagador numa atividade de missão pública, formação de jovens, integração de atletas universitários no escalão sénior e participação em competições federadas, ignorando por completo a história, os valores inerentes à AAC e UC, bem como na missão que as secções desportivas desenvolvem, formando jovens no espírito da académica que virão, muitos deles, a querer frequentar a UC e na atratividade que as modalidades desportivas federadas da AAC exercem na opção dos estudantes no momento de escolher a universidade.

    d) A SA-AAC passa, em poucos anos, de uma situação de receção de um apoio anual de 7 a 10 mil euros para uma situação em que, para além de nada receber, ainda terá de pagar perto de 3 mil euros anuais à UC, para exercer o direito de treinar, jogar e defender o símbolo da AAC e da UC, que levávamos, até agora, sobre o coração com grande orgulho.

    e) A SA-AAC considera ser vergonhoso a aplicação destas medidas, por parte da UC (…).

    f) A SA-AAC considera vergonhoso que, atualmente, perante a inexistência de outras fontes de financiamento, seja, na prática, o apoio da Câmara Municipal de Coimbra a pagar o aluguer dos espaços à UC, deturpando os objetivos do Regulamento Municipal de Apoio ao Desporto.

    Perante a realidade acima descrita, e após anos de recuperação da situação financeira e desportiva da SA-AAC, pagando todas as dívidas existentes, crescendo em número de atletas de formação e seniores, integração de novos dirigentes, captação de um conjunto alargado de técnicos, envolvimento de pais/mães de atletas em funções de apoio à modalidade, a Direção da SA-AAC considera que não se pode exigir mais financeiramente aos atletas, nem podem ser os seus dirigentes a assumir os compromissos financeiros decorrentes da atividade regular.

 

    Deste modo, para não repetir irresponsabilidades passadas, somos obrigados a demitir-nos assumindo a incapacidade em reunir as condições necessárias para manter a atividade regular do andebol, perante uma realidade que veio alterar o compromisso histórico da UC para com as secções desportivas da AAC. Recorde-se que é a primeira vez que tais pagamentos são exigidos pela UC, ficando como “medalha de fim de mandato” do atual Reitor João Gabriel Silva”.

Além destes pressupostos, a Direção está disponível para passar o testemunho a quem desejar assumir a missão de liderar a SA-AAC e encontrar soluções para os problemas enumerados.

A secção de Andebol da Académica, como qualquer outra secção, não pode acabar. Há que encontrar soluções, que, está visto, nunca passará por “ditos” académicos, mas sim por verdadeiros académicos que são da Académica e não por indivíduos que julgam ser “deles” a Académica.