Zé Castro, viver do passado no futebol é complicado.

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No dia 8 de Dezembro a Académica OAF perdeu no Porto B.

Perdeu bem. Algum azar, algum pôr-se a jeito, enfim o habitual num jogo de futebol que corre mal. Até o 3º golo sofrido e que mata qualquer veleidade de pontuar é ilegal por fora de jogo. Parecia só um dia daqueles. 

Parecia mas não. Não, não era um dia daqueles. Quando foi chamado à entrevista rápida, no Porto Canal que transmitira o jogo,  o Zé Castro do alto dos seus 35 anos, cimentado pela sua experiência, com os seus muitos anos de Coimbra e da Académica OAF diz tudo o que há para dizer. Não usou frases feitas e estéreis, não prometeu trabalho à semana para ao domingo jogar bem, não se queixou do árbitro, não mencionou que a equipa B adversária jogou com jogadores da equipa A, jogadores de milhões ao contrário dos que jogaram os jogos anteriores. Não, o Zé Castro deu os parabéns ao adversário, disse que jogam bem e a seguir diz porque jogam bem e porque não conseguiram travá-los. As equipas B gostam de ter bola mas não gostam de correr atrás dela. E a AAC deu-lhes bola e não os obrigou a errar, a andar atrás dela. A qualidade do adversário fez o resto, a AAC fez precisamente o contrário do que deveria fazer. Mas é com a segunda questão que a coisa melhora muito. O jornalista fala em bom momento da AAC uma equipa de 1ª liga e Zé Castro é peremptório, só somos uma equipa de 1ª liga se o mostrarmos, não o somos, a AAC está na 2ª liga e viver do passado no futebol é muito complicado. A AAC não é de 1ª liga e o futebol é emoção não estatística, ganhar 3 jogos seguidos não quer dizer nada. Para ganhar há que fazer como com o Arouca, jogar melhor e assim ganhar. Pode ganhar-se jogando mal , pode, mas se jogarmos bem estaremos mais perto de ganhar mais vezes e temos de fazer mais. Isto acaba rápido e já passou um terço do campeonato não dá para especular, é jogar melhor e quem joga melhor tem mais hipóteses de ganhar.

E assim falou o Zé Castro e encheu-me de orgulho. Pode gostar-se dele ou não, eu por exemplo não gostei da forma como ele saiu ainda menino da AAC-OAF, mas enfrentar assim de frente e sem papas na língua a adversidade é meio caminho andado para a resolver. Temos de nos deixar de saudosismos históricos. O passado é para ter sempre connosco, é para nos dar identidade, para nos diferenciar mas não ganha jogos. Para ganhar é preciso jogar bem e em função das características do adversário. É preciso dignificar a camisola de outras épocas , a do losango mágico, mas é preciso suar a desta época, é preciso ser, não só ter sido, ser agora e no futuro próximo. E se já lá vai um terço, então ainda faltam dois e espero que esta mensagem passe lá para dentro, se tinha destinatários, que a recebam e interiorizem. 

No inicio da época o lema era "vamos com tudo, vamos com todos".

Vamos então e obrigado Zé Castro pela qualidade e assertividade destes dois minutos televisivos.

 

Rui Rodrigues

Coimbra