Editorial 06-04-2019

A festa continua

O problema dos desfalques em vários bancos só surpreende quem não acompanhou de perto e/ ou sentiu na carteira a perda das suas economias.

Na CGD – uma vergonha nacional – ninguém perdeu; ou por outra, só o Estado – todos nós – perdeu. E foram milhões e milhões de milhões de euros que saíram da Instituição para os bolsos de uns tantos ou quantos predestinados a serem muito ricos e intocáveis.

Na bagunçada das “ofertas” a amigos não há governos virgens, porque todos lá tiveram os seus “representantes” em cargos de máxima responsabilidade. Todavia, e não vale a pena escamoteá-lo, foi no governo de Sócrates e Costa que mais gente enriqueceu: Sócrates foi um mãos-largas a distribuir cargos por amigos de amigos que mais amigos fizeram e mais “ganharam”.

Foi uma fartadela!

E ninguém foi preso por isso; nem os administradores que “anulavam” os pareceres das comissões ou conselhos de crédito, nem os inspectores internos, que, possivelmente, fecharam os olhos às negociatas, nem os “beneficiários” dos créditos.

No BCP, depois Millennium, sucedeu o mesmo, mas com uma deriva: a entada na festa do “peão” Berardo. No BES, a coisa foi mais sofisticada: o que foi o “dono disto tudo” talvez possa explicar.

Na CGD, têm-se multiplicado as comissões parlamentares, que nada fazem, protelando o assunto na ânsia de verem os crimes prescreverem. Há elefantes no circo montado: “famílias” e “escritórios” velam para que tal aconteça.

Costa faz propaganda sem ter interesse a em ganhar as eleições, pois há-de aparecer outro pato, perdão, outro Passos para tirar o país da bancarrota; Marcelo dá beijinhos e tira “selfies”, os balanços do barco não o enjoam,

Tenho elevada consideração por Álvaro dos Santos Pereira, o ex-ministro da Economia de um governo de Passos, que foi “corrido” por não ter concordado com certas “brincadeiras” muito caras aos lisboetas. Com ele, certos “negócios” ruinosos não se teriam realizado. Agora , actual director de estudos da OCDE foi ao Parlamento confirmar que o governo de Costa e Centeno, ou, talvez melhor, de Centeno e Costa, quis eliminar as referências à corrupção em Portugal, melhor, em Lisboa, no relatório da OCDE sobre a situação no (ainda) país em que pretendemos sobreviver. Foi “desmentido” por um mijinhas do governo, obviamente, porque corrupção é coisa que não existe em Portugal, Nadinha mesmo.

O que me aflige, neste momento, é que a “ditadura” mais que embrionária, que amordaça as gentes de bem, começa a despertar vontades salazaristanas: Costa, Centeno e dois “chefes de família” perfilam-se: vai ganhar Centeno.

 Em Coimbra, a Universidade continua a brilhar nacional e internacionalmente. Valha-nos isso, que da parte da Câmara nem nova nem mandado.

ZEQUE