Editorial 07-10-2017

 

Caldos com “bispo”

Desengane-se quem julga que já se disse tudo sobre as autárquicas. Não, não disse e muita verdade – ou tentativa de verdade – vai vir ao de cima.

Para desvirtuar os resultados e disfarçar as suas derrotas, com a cumplicidade dos idiotas arregimentados, afirma-se peremptoriamnte que o grande derrotado foi Passos Coelho e, por tabela. O PSD.

É verdade: o PSD ficou aquém do esperado, mas o PS também: Lisboa, Porto e Coimbra, concelhos em que os socialistas esperavam vitórias demolidoras, deixaram muito a desejar; no Porto não venceram, e em Lisboa e Coimbra, apesar do vislumbre das sondagens encomendadas, não lograram a maioria absoluta, o que poderá considerar-se uma derrota significativa, principalmente em Lisboa em que já havia hinos triunfalistas para serem cantados a mil vozes nas rádios e nas TVs. As violas desafinadas foram metidas no saco.

No Porto, aí sim, o PSD foi copiosamente vencido. Não se esqueça, contudo, que os apoiantes dos sociais-democratas “acompanharam” Rui Moreira na sua caminhada, ignorando, por táctica, o representante do seu partido. Coisa que justificam com o “nas autárquicas vota-se nas pessoas e não nos partidos”. E se assim é, houve apenas derrotas dos candidatos.

Coimbra é um caso especial. Manuel Machado ganhou, e bem, porque um grupo, espécie de cavalo de Troia, se uniu para derrotar Jaime Ramos, roubando-lhe os votos que o poderiam ter levado à vitória. Eles lá sabem porquê.

Os grandes derrotados destas eleições, foram, todavia, o PCP e o BE. Acolitados na geringonça, camareiros e escudeiros da nobreza socialista, quase desapareceram do mapa. Afora Lisboa em que o BE teve uns votitos, no resto do país deixaram, na verdade, de ter qualquer projecção: nem parra nem uva. Os bons rapazinhos tornaram-se descartáveis.

Passos Coelho, na hora da derrota, foi igual a ele próprio: digno. Ainda que mal-amado. Quando o país estava à beira da bancarrota, quando já não havia dinheiro para salários, impôs sacrifícios aos portugueses. Foi a eleições, e ganhou-as, mas não com maioria necessária para governar. Na oposição, quando lhe seria fácil ser “rebelde”, apoiou a manutenção do “status quo” que um governo de risos e promessas e só promessas de diminuir a austeridade a manteve e sobrecarregou com impos indirectos. Hoje tem-se um nível de vida muito mais baixo que no tempo de Passos. Mas o povo gosta de ser ludibriado.

Marcelo, o Ti Celito, deve estar a fazer contas, a pensar se deve continuar a apoiar ou não o governo do rouba-a-rir, se deve “manter” a maioria que. afectuosamente, ainda detém ou deixar que Costa lha “roube” nas próximas legislativas.

Manuel Machado, ainda que não o consiga fazer em mais nada, vai cumprir na questão do aeroporto internacional. Não, propriamente por sua iniciativa, mas pela ajuda de uma Fundação que já tem o projecto pronto e quase autorizado, podendo as obras começar em breve.

Passos Coelho será o adversário de Marcelo nas próximas eleições presidências. E vai ganhar. Santana Lopes, contudo, está à espera do que por aí vem.

ZEQUE