Editorial 08-09-2018

País louco

Não me deslumbro com facilidade. E, todavia, não deixei de ficar boquiaberto com os espaços, quase de dia inteiro, que as portuguesas TVs – e não TVs portuguesas – dedicaram às eleições do Sporting, em linguagem académica dos lagartos. Parecia, ou pareceu, ser um acto capital para a segurança e a prosperidade do país. E foi, porque sem SCP, não há, ou haverá, o [ainda] país lusitano. Melhor fora, porém, a gastar tanto tempo e palavreado balofos e bolorentos, que se tivessem dedicado a desenrolar os fios da corrupção em que, desde há décadas, se tem vindo a embrulhar cada vez mais, que até arrepia, o futebol caseiro.

Não é só o Moreirense, que, dizem as más línguas, se manteve primodivisionário à custa de relógios de oiro e fatos de treino que deve descer; nem é só o Benfica dos “compadrios” e do “sistema”, agora a contas com a justiça, que tem de ser atirado borda fora; nem alguns clubes do norte dos tempos em que as nomeações dos árbitros eram feitas num restaurante da zona de Matosinhos com a presença de altos dirigentes e homens do apito dos dois “sistemas” da época, com a prevalência, carago, das gentes da Invicta chegando mesmo a dizer-se – e o homem até nem sabia que o era – que o melhor avançado centro do Porto era um árbitro, que não marcava, mas dava a marcar golos.

Se houvesse coragem, todos estes clubes e mais alguns iam passar uns tempos no campeonato de Portugal, na II Liga, e, quiçá, sem compras nem vendas, conseguissem, purificados, voltar ao galarim do futebol indígena. Todavia, onde está a coragem para tal, se políticos, gentes ligadas às polícias e aos tribunais também estão metidos nos mesmos sacos?

Pois, pois, J. Pimenta (para quem não saiba, o slogan de certo empresário da construção civil).

Gozando com o pagode, Sócrates e os seus coadjuvantes continuam por aí a peneirar-se, a fazer render o peixe, a protelar as demandas, e o tempo de prescrição a esgotar-se, para gáudio dos amigos visíveis e invisíveis, muitos ainda não constituídos arguidos mas já “apontados”

Costa Ovo e o Ti Celito devem estar ansiosos por que o tempo passe, não porque estejam metidos na embrulhada, mas porque têm na canalha a ser julgada, alguns bons amigos; no caso do Ovo, para além dos outros amigos, o amigo e ex-patrão.

Um indivíduo (?) raptou uma menor de sete anos, violou-a, e deixou-a perdida numa mata; filha e genro mataram a mãe adoptiva da hedionda criatura, com todos os requintes de malvadez e animalidade. Ainda vivem os três. Não está certo.

Para desanuviar: o desassoreado Mondego começa a reassorear. Questões de “engenharia” que “adivinhei”, mas em que não quero meter-me. Quem as fez que as desmanche, mas sem ser à custa do erário publico.

Machado passeou-se pela cidade com o novo brinquedo – ou brincadeira – com que “presenteou” a urbe aquando das eleições: os minibuses eléctricos, rápidos que nem o vento, tão rápido que desaparecem tanto na cheda como na partida como no caminho. Mas as sinalizações de partida, chegada e paragens lá estão.

De positivo: a baixa parece estar a despertar. Vai ser uma questão de hábito as pessoas voltarem a frequentar a baixa; tal como voltarem a ser da Académica.

Eu não vou desistir!

                                                                                                                                                                                                                                                   ZEQUE