Editorial 11-07-2020

_Sonhei…???_

O verão entrou e trouxe consigo um acentuado aumento da temperatura
costumeira da época. Trouxe, também, desta vez, poeiras do deserto
africano e outras coisas não identificadas, senão como alterações

Climáticas, para que, de susto em susto, nos acostumemos aos novos
futuros que, quem deveria saber não sabe, mesmo, antecipar.

Nas traseiras do meu quintal, onde os muros são altos e abrigam bem da
brisa, costumo apanhar o qb de vitamina d3, seguindo a recomendação da
minha gentil médica de família. Não! O qg é barato e o preço vê-se nos
ponteiros do relógio, consoante a idade do exposto e a intensidade da
exposição solar.

A noite passada, de um céu estrelado exuberante, este convidou-me a
apreciá-lo. Foi isso que fiz e, não sei se adormeci, depois de ter
subido para a rede, que baloiçou suavemente.

No firmamento ao meu alcance eram mais os astros e planetas, sendo
que, sempre consegui identificar o piscar cintilante de um ou outro
avião em rota de se fazer ao lisboeta aeroporto. Não tenho a certeza
de ter visto, ou não, algum pirilampo. Suponho que estes, nos últimos
anos, se dedicam à caça de gambuzinos. Cuzes e luzes é o que cada vez
mais abunda.

Tive sorte: dormi, sonhei, acordei sem comichões, salvo aquelas na
mioleira. Sim, a mioleira tem falta de cabelo mas ainda funciona.
Recordei uma longa conversa, talvez tão longa quantos os brilhos
cintilantes no avistado firmamento. Não posso garantir a ordem, mas

Valeu a pena pela energia que pus no espreguiçar. Desci da rede e,
muito bem disposto, abri a torneira do duche, ali ao lado.

O apetite aguçou-me a boa disposição e entrei para matar o bicho
(expressão que trouxe das áfricas que conheci). Imaginava eu que, de
Guimarães a Bragança, guarda, passando por monção e descendo até

Portalegre, passando pela capital, perto da foz do Mondego e por tomar
a caminho de beja, depois silves até vila real (a da raia), nunca
entrando em cidade alguma, mas sempre percorrendo as respectivas
aldeias periféricas, imaginava eu, dizia, todos os mortais, cidadãos e
contribuintes - que plebeus foi coisa já extinta - desfrutavam de um
ânimo e mata bicho com igual dignidade. Que iriam gozar um dia bem
passado (não tendo que o enfrentar) e, se por qualquer acaso tivessem
uma ligeira indisposição, logo teriam pronto e afável um SNS sem igual.

Acabei de mata bichar e fui ligar o televisor. Infeliz ideia. Percorri
canal a canal e confirmei: toda a santa noite fui enganado. Bem
enganado!

O triunvirato (aquele centrão!) Não governa por telescópio.

                                                                                                                                                                                                                                          Sande Brito jr