Editorial 24/10/2025

EDITORIAL 23 10 2025

O QUE ORIGINOU O AUMENTO DA VIOLÊNCIA NO SER HUMANO?

É uma questão que levantamos esta semana e que, talvez, seja mais importante do que à partida podemos considerar. Pois seja a violência verbal ou a física acaba sempre por ser como uma “bola-de-neve” que vai aumentando na sociedade.

Mas o que será que origina a violência no ser humano. Evidentemente que há razões de diversas ordens: desde a explicação da biologia, ou da explicação psicológica, sociológica, filosófica e em quase todas as áreas do saber humano que apresentam uma explicação. No fundo, cada explicação acaba por ser uma parte de um todo complexo que constitui o ser humano e ainda assim fica algo por explicar.

Mas não vamos quebrar o encanto na busca por cada uma das explicações. Para dar uma resposta a esta pergunta recorri à História. Como procuramos a ‘origem’ de um crescendo da violência no ser humano, nada mais dedutivo do que procurar a resposta no que aconteceu aos nossos ancestrais.

Pois diz a História (nas suas áreas de Arqueologia e Paleografia) que «A violência pode ser entendida como uma manifestação da natureza humana, porém, sua intensidade e forma são moldadas pelo ambiente em que o indivíduo se desenvolve. Pesquisas arqueológicas mostram que, na verdade, a violência coletiva surgiu com a sedentarização das comunidades e a transição de uma economia de predação para uma de produção.» Se para os grupos humanos nómadas a violência revela-se pontual (testemunhada pelos achados) a sedentarização aumenta exponencialmente a violência no ser humano.

Interessante entendermos que é quando as comunidades humanas se fixam e criam uma sistema de organização social que aumenta gradualmente a violência entre os seres humanos. Faz sentido, pois o exemplo de uma sociedade que necessita da competitividade para o seu desenvolvimento acaba por iniciar um processo de uma, certa, motivação para a desunião dentro da proteção de um grupo. Que tanto pode ser útil para encontrar soluções mais inovadoras como também pode incentivar uma certa agressão para eliminar a concorrência - seja concorrência real ou ficcional.

Aqui a educação, como área de explicação de regras e do seu cumprimento, é a parte mais importante para a formação dos indivíduos que compõem a comunidade. Por isso é que o papel de professor não pode ser limitado ao de formador técnico de Português, História, Matemática ou de qualquer outra área. O professor não pode descurar o seu papel transversal de educador e para isso deve a sociedade dar-lhe o devido valor. A disciplina de Moral (no sentido de provocar a discussão Ética e menos no aspeto religioso) também foi acabando por perder espaço no currículo escolar o que não ajudou muito a que as crianças e os jovens tivessem uma formação ética na sociedade. Talvez mereça a nossa atenção esta discussão.

Entretanto o que vai acontecendo é que a violência nas escolas começa a ser um grande problema na sociedade. Não só o papel da escola foi perdendo o seu papel de educadora como começa a ser a “incubadora” para o crescendo da violência humana. Mas não é só nas grandes cidades como Lisboa ou Porto. Não! Também aqui em Coimbra vão sendo relatados casos de violência do chamado “bullying”. Seja ele físico seja por intermédio da tecnologia digital, que já leva o termo de “cyberbullying” e que já anda a ganhar cada vez mais espaço nas escolas portuguesas. Onde a proibição do telemóvel nas escolas não resolve este problema. Pode resolver outros, mas não este grave problema.

O artigo assinado por Daniela Sousa tem como título «ESCOLA ALICE GOUVEIA EXPÕE FALHAS NA COMUNICAÇÃO E FALHAS NO COMBATE AO “BULLING” ESCOLAR» onde, com o cuidado que deve ter um artigo jornalístico, não houve qualquer resposta às questões que O Ponney fez à Administração da escola. Sendo um assunto sensível, também não pode ser calado. Há vítimas, não só os alvos do “bullying”, como também as famílias que ainda não têm, por parte das autoridades, respostas às questões da violência escolar. O artigo foi publicado com o objetivo de que este grave problema tenha resposta clara e em conjunto com as muitas considerações que este problema levanta.

Vamos constatando que a violência não tem apenas o seu cenário nas escolas preparatórias, mas também avança para a escola superior. Voltamos a um caso que ainda não tem resposta clara e que deve ter, por isso fazemos um apanhado das muitas informações sobre esta questão de abuso de poder. O artigo é sobre «COIMBRA AINDA SEM BOA VENTURA».

O Ponney denuncia «O PÁTIO DOS ENGANOS» como a forma errada de não cumprir a regra mais básica da República: o de se discutir as medidas políticas com a população. O conhecido "Res publica" que é uma expressão latina que significa "coisa pública" ou "assunto do povo" e é a origem da palavra "República", mas que não está a ser cumprida no governo do Concelho de Coimbra.

Mudando para um assunto transversal a todo o país a questão que levantamos no artigo «TRABALHADORES SEM CONHECIMENTO DOS SEUS DIREITOS», onde a formação profissional é completamente esquecida ou escondida. O desenvolvimento económico de Portugal não pode ser restrito às questões dos impostos ás empresas, tem que ter em conta a formação continua laboral.

E fechamos os artigos de destaque com «VIOLÊNCIA ESCOLAR MUITO PRESENTE EM PORTUGAL» num levantamento de diversas questões que devemos ponderar para ter uma sociedade mais equilibrada e desenvolvida.

Depois temos a nossa tira de banda desenhada pedagógica sobre as boas práticas.

Nos artigos de opinião falamos de «O CARISMA FRANCISCANO NA VIDA DE SANTO ANTÓNIO», na visão de Paulo Freitas do Amaral, não no estrito sentido religioso, mas no de amor ao próximo. Importante reflexão.

O artigo de opinião da nossa sempre presente Manuela Jones traz-nos o artigo «ESPERANÇA» que nos conta uma história de amor.

A visão de José Ligeiro traz-nos «O SER HUMANO DENTRO DA SOCIEDADE» uma reflexão que nos vai fazer tomar uma opinião que pode ser diferente do autor.
Terminamos com o artigo de opinião de António Pinhas com bastante humor que questiona a sociedade com a sua piada peculiar.

É exatamente esse o espírito filosófico de O Ponney, ou do Movimento de Humor. Nem sempre estamos certos, nem sempre estamos errados, mas usamos sempre o nosso direito de apontar que o “rei vá nu” quando vemos mesmo que ele vai evidentemente despido.

Bom fim de semana e boas reflexões.

José Augusto Gomes
Diretor do jornal O Ponney