Malditas formigas...

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"Auto-retrato no Atelier"

 

Tenho montes delas na minha calçada. De todas as etnias!

Deu-me hoje para perder tempo a observá-las e descobri que há sempre uma ou duas que vão em sentido contrário ao carreiro que elas formam até ao formigueiro.

Escolhi uma. Peguei num graveto e tentei que ela se misturasse com as restantes e fizesse o caminho certo. Debalde. Ia sempre em sentido contrário.

Continuei a segui-la e reparei que não tinha destino certo. Era como se procurasse algo sem saber bem o quê. Enquanto isso, as outras lá continuavam na mesma azáfama.

Tentei de novo mete-la no carreiro, mas o estupor teimava sempre em ir em sentido contrário!

O que mais impressionou é que o diabo da formiga parecia nem saber porque o fazia. Continuava perdida com as ideias baralhadas que a não levavam a lado algum.

Cheguei à conclusão que não sabia mesmo por onde ir, mas uma coisa era certa : Sabia por onde não queria!

O mesmo me acontece e dei comigo a pensar porque diabo terei de seguir as ideias dos outros, por muito que a maioria ache estarem certos?

Haverá algures um caminho diferente à espera de ser descoberto rumo aquilo que ansiamos. Não precisa ser o mesmo que a maioria trilha em busca da felicidade, que por vezes nem é a nossa.

Não gosto de andar em rebanho embora o aprecie e ache necessário para que muitos se não percam. O mal pode estar é no pastor que o conduz.

Por via das dúvidas ou defeito, peco sempre pelo desejo de ir em sentido contrário.

Tal como a formiga, até encontrar o rumo certo.

Um dia, talvez... 

                                                                                                                                                                                                                                                     José Eliseu