Obama indultou-lhe a pena de prisão perpétua e agora escreveu-lhe uma carta

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Quando tinha 26 anos, Danielle Metz foi condenada por venda de droga, tarefa que executava no interior de uma grande rede de tráfico coordenada pelo marido. Segundo as informações que os procuradores partilharam com o tribunal na altura do julgamento, o marido de Metz distribuiu, entre 1992 e 1993, mais de mil quilos de cocaína, matando, no processo de se tornar o maior distribuidor da área de Nova Orleães, 23 rivais. Quando foi interrogada pela primeira vez, Metz estava a estudar numa escola de estética e beleza e disse aos procuradores que o marido nunca a deixava sair de casa e que apenas entregou duas ou três encomendas que ele lhe pediu para entregar.

A polícia nunca a encontrou na posse de drogas, nem consta nos registos do tribunal que alguma vez tenha cometido algum ato violento relacionado com o negócio da droga. Mas em vez de sair do tribunal com pena suspensa ou com a obrigação de se apresentar na esquadra local, a jovem foi condenada a três penas perpétuas, acrescidas de 20 anos de prisão.

Na prisão começou a estudar e, em 2016, 23 anos depois de ser detida, o ex-Presidente Barack Obama perdoou-lhe a sentença. Voltou a Nova Orleães e conseguiu emprego a empacotar caixas de comida para os mais pobres, junto de uma organização de solidariedade social. Aos 50 anos inscreveu-se na universidade da sua cidade e este ano finalizou a licenciatura em Assistência Social com uma das médias mais altas, 3.75.

Ao receber o diploma, Metz imaginou o que gostaria de dizer a Barack Obama: “Não imagina o que fez por mim. Estou finalmente a tornar-me dona de mim mesma, entrei no quadro de honra e tudo”.

Quando viu o artigo no jornal "USA Today", Obama escreveu-lhe de volta. “Tenho mesmo muito orgulho em si e estou confiante que será um exemplo e que terá um impacto muito positivo naqueles que também procuram uma segunda oportunidade. Diga aos seus filhos que eu mando cumprimentos e que estou a torcer por todos vós”, escreveu Obama numa pequena nota divulgada pela própria recém-licenciada, depois de a história original ter sido impressa.

O caso de Metz é uma raridade: não só pelo perdão presidencial, mas também porque é originalmente do estado de Louisiana, o estado norte-americano com menos negros com curso superior e com mais pessoas encarceradas, a grande maioria negra. Além disso, até 2017, as universidades pediam registo criminal para a inscrição. Continuam a pedir nos outros 49 estados, embora haja movimentos muito fortes de pressão social para que esta situação venha a mudar.

Todos têm o direito a uma nova oportunidade, e Obama deu-a.  Por cá, Sócrates está à espera que Ivo Neto lhe dê rapidamente a “prescrição”, o indulto, para “recomeçar” a sua vida no cravanço; e Costa pede a todos os santinhos que a ambição de Centeno o não atire para o charco. Como diz o outro: - Tão amigos que nós éramos…

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