À Bengala Branca

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Eu sou a Bengala,

a Bengala amiga que acompanha meu amigo

no andar pelos caminhos do mundo.

Eu sou a companheira do meu companheiro.

Andamos os dois a tropeçar, a tocar, a caminhar.

Bate aqui, bate ali e sempre a caminhar.

Eu sou a Bengala que avisa,

como que grita que estou a chegar

e comigo vem gente a caminhar.

Eu sou a Bengala que vê e faço mostrar.

No meu caminhar ando sempre a apalpar, a tocar, a cantar.

Dou a saber ao meu companheiro os segredos do mundo

e do caminho que estamos a palmilhar.

Eu sou a Bengala Branca,

branca de neve cheia de luz que brilha no nosso olhar.

E no andar pelo mundo, faço luz sempre a brilhar.

A dizer dos perigos à nossa frente a chegar

para meu companheiro ver

e compreender no meu constante tocar.

Eu sou levada por mão amiga do meu companheiro

e eu o levo em andar leve e seguro,

que por mim faz habilidades de encantar

pela harmonia do seu caminhar.

Nós os dois temos a sabedoria do mundo

e no nosso toque, o poder de transformar

e de ver os segredos dos caminhos a desvendar.

No nosso caminho encontramos obstáculos, buracos,

pedras, degraus em escadas, mistérios, enganos,

ciladas, barreiras, empecilhos,

carros nos passeios estacionados,

abrigos que são barreiras no nosso andar,

que Bengala desfaz esses impedimentos,

para abrir caminhos por entre obstáculos inimigos.

 

- Minha Bengala companheira,

leva-me como vento suave por entre obstáculos inimigos,

com tua sabedoria que mais parece magia.

 

- Meu companheiro amigo,

à nossa frente erguem-se castelos para nos impedir de caminhar,

mas com o meu tocar, os castelos não nos impedem avançar.

Amigo e companheiro, deixa-te por mim guiar,

que eu te levo a sítio seguro,

onde tu queres chegar!...

 

(O dia 15 de Outubro é o Dia Internacional da Bengala Branca, símbolo do cego)

Manuel Miranda - miranda.manel@gmail.com

Imagens retiradas da net