COVID: ESTAMOS SEM ESTRATÉGIA

(duras críticas de especialista)

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Passo a fazer uma declaração que não poderei deixar de a trazer para ser fiel aos meus princípios de ética pessoal e aos de cidadão que se manifesta na e pela verdade, ou seja, nem sou especialista na matéria nem andei, agora, a pesquisar o tema. Reproduzo de quem sabe.

Posto isto, e portanto, como não poderia deixar de ser, vou reproduzir o que um eminente internista do Hospital de S. João do Porto, o Doutor António Ferreira, declarou, a propósito do vírus, à SIC Notícias, o que tem de nos impor uma reflexão séria sobre tão grave e preocupante – actual – matéria.

Grosso modo, esse especialista manifesta incompreensão, face à realidade de não existir uma testagem sistemática dos de maior risco e dos que têm sintomas, assim como não se reproduz o número de casos em actualidade, replicam-se – disse – com uma falha de 1 semana, pelo menos.

Depois de afirmar que a nova variante é 70% mais contagiante, o que deveria – comentou – alertar as Autoridades de Saúde, A. Ferreira criticou o facto de a estratégia seguida estar a ser feita à revelia dos Órgãos de Saúde Pública Nacionais, como o Conselho de Ética para as Ciências da Vida e do Conselho Nacional e Saúde, pelo menos.

Severamente crítico quanto a este último aspecto, o internista deixou claro:”organizam-se reuniões, had doc, no e com o Infarmed e não se percebe bem quem são os especialistas de Saúde que ali vão”. E deixou perguntas, propositadas, estou em crer: ”Quais são eles? Quem são eles? Que currículos têm eles?”

E, visivelmente agastado pela política e estratégia que tem sido seguida pelas Autoridades e Governantes, A. Ferreira questionou, em jeito de se recordar, porque o passado nos ensina:”como se combateu a tuberculose? “

Classificou o Plano traçado, que não é do agrado desse especialista porque – disse – não vai trazer benefícios efectivos de combate ao vírus, como sendo “ridículo” e que só inclui um confinamento avulso e sem grande projecção e resultados porque, e como já o referi e como ele o manifestou, o que interessa, seguramente, é testar sistematicamente os infectados e seguir, com efectividade, os que manifestam sintomas.

E com palavras mais duras, deixou esta expressão:”Portugal está a funcionar como um Estado desorganizado”.

Para António Ferreira a estratégia do Ministério da Saúde quanto à resposta hospitalar reproduz a falta de previsão e de planificação num domínio que não pode funcionar sem bússola, ao arrepio de normas e de programas concretos que se possam adequar a esta pandemia.

Concluiu, afirmando que, e sem políticas concretas e definidas para combate ao vírus, se está a matar a economia, a socialização das pessoas e a prejudicar, de forma muito dura, a Saúde física e mental dos portugueses. Com que custos?

Continuamos, diria eu, a trabalhar sobre o joelho e a fazer riscos no papel, como se não tivéssemos conseguido passar da infantil para a primária e, depois, trepar todo o trajecto do currículo escolar. Continuamos a não aprender com as lições do passado. Os políticos não são gente organizada, porque não caminharam na vida real…

Agora, o que interessa, mesmo sem grande campanha, são as eleições presidenciais, levando propaganda, num acto ignóbil e desumano, aos lares e a outra gente menos esclarecida, convocando os velhinhos para o voto, no dia 24. Afinal, aposta-se no confinamento ou não? Afinal, queremos estancar a pandemia ou não? Afinal, planifica-se o confinamento ou a testagem sistemática dos mais infectados e dos que têm sintomas, para que o vírus não se espalhar ou é só palavreado?

António Barreiros