JOGO DE PALAVRAS

Desconhecer o encobrimento dos autores do furto é substancialmente diferente do desconhecimento do intentado encobrimento da luta pela independência da PJM relativamente à PJ.

E, entretanto, os especialistas em tática, estratégia e relações internacionais foram medalhados, promovidos e dominam o CEMGFA.

Luís Zarolho

Sande52.pngJosé Sena Goulão / Lusa

 

O ministro da Defesa Nacional, José Azeredo Lopes

O ministro da Defesa, Azeredo Lopes, demitiu-se hoje do Governo para evitar que as Forças Armadas sejam “desgastadas pelo ataque político” e pelas “acusações” de que disse estar a ser alvo por causa do processo de Tancos.

Na base do pedido de demissão de Azeredo Lopes estão os desenvolvimentos do processo de investigação judicial ao furto e recuperação das armas furtadas nos paiós de Tancos.

“Não podia, e digo-o de forma sentida, deixar que, no que de mim dependesse, as mesmas Forças Armadas fossem desgastadas pelo ataque político ao ministro que as tutela”, referiu Azeredo Lopes, na carta enviada ao primeiro-ministro e a que a agência Lusa teve acesso.

O ministro cessante voltou a negar que tenha tido conhecimento, “direto ou indireto, sobre uma operação em que o encobrimento se terá destinado a proteger o, ou um dos, autores do furto”.

Quanto ao momento em que decidiu sair, Azeredo Lopes explicou que quis aguardar pela finalização da proposta de Orçamento do Estado para 2019 para “não perturbar” esse processo com a sua saída.

O ministro da Defesa conseguiu sobreviver até hoje ao roubo de armas em Tancos e ao seu aparecimento encenado, mas a saída de Azeredo Lopes do cargo de ministro da Defesa era já uma possibilidade defendida dentro do próprio Governo,  segundo revelava o jornal Público esta quinta-feira.

Para o Governo, toda a situação é considerada muito grave. O facto de o ex-diretor da PJM, o coronel Luís Vieira, e o seu antigo porta-voz, Vasco Brazão, – tutelados por Azeredo Lopes –  terem sido constituídos arguidos no âmbito do processo fragilizaram a imagem do ministro da Defesa, nota o matutino.

Também o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, preferia uma saída rápida de Azeredo Lopes do executivo. Tal como nota o diário, António Costa estará a adotar uma estratégia semelhante à que levou à saída de Constança Urbano de Sousa, que ocupou o cargo de ministra da Administração Interna entre novembro de 2015 e outubro de 2017.

O Presidente da República, entretanto, aceitou já a exoneração de Azeredo Lopes de ministro da Defesa e aguarda a proposta por parte do primeiro-ministro, António Costa, de nomeação de um sucessor.

Segundo uma nota divulgada no portal da Presidência da República na Internet, “o primeiro-ministro informou esta tarde o Presidente da República do pedido de demissão do ministro da Defesa Nacional”, nos termos da Constituição, “mais tendo acrescentado que oportunamente proporia o nome de um substituto”.

O chefe de Estado e Comandante Supremo das Forças Armadas “aceitou a proposta de exoneração e aguarda a proposta de nomeação de um sucessor”, lê-se na mesma nota.

// Lusa