ÓDIO E O SAQUE

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Tal como existe gente com ódio a liberdade canina (vulgo, vadiagem) e disfarça isso de amizade aos cães, obrigando-os a viver em apartamentos acanhados e a tomarem comidas e hábitos quase humanos, pelos vistos também temos gente como ódio à natureza livre, disfarçando isso de amor à natureza, através da promoção frenética da construção de passadiços, miradoiros e estruturas semelhantes para que as hordas possa dar cabo do pouco que ainda existe de beleza natural e secreta neste país.

Tudo isto seria muito bonito se fosse só ódio à criação natural... Não creio, todavia, que tal suceda só com essa motivação. Como dizia o velho detective de um filme policial, "sigam o cheiro da massinha"... Encontrarão a razão, o motor disto tudo. Exactamente o mesmo que levou à construção de tantos "equipamentos" nas nossas cidades, vilas e aldeias que, na realidade, para nada servem... a não ser para encher os bolsos dos seus promotores e construtores e a vaidade rasca de quem os desenhou ou idealizou.

Portugal está a saque, como me dizia há tempos alguém que bem conhece os meandros das decisões que nos caem sobre a cabeça... Aos portugueses não resta um grande leque de escolhas: ou fazem parte do grupo dos saqueadores ou da multidão das vítimas desses saques. Ser indiferente é ser cúmplice. 

Ruy Ventura