Oh vozes que de mim


furtastes sabores da vida
me habitastes sozinhas
Oh saudades minhas!
Calem-se nas auroras
Dos tempos de senhoras
Em vós, as demoras
Palavras silenciadas
Mudas frases qu'escutastes
Aonde fostes buscá-las?
Por fim, olvidá-las

Oh vozes que de mim
Meu humilde ser inquietastes
Voltou a mim sem horas
Morrestes longe das ondas
Em mares naufragastes
Aclamai senhores
Aos poetas!
Que em vossos mares deixastes
O sal das lágrimas
Voltai agora
Oh meu Portugal!

Sofia Geirinhas  (Poetisa do pé-descalço)

saudade.png