Festa na aldeia
Nesta aldeia à beira-mar plantada, grinaldas de flores muito fechadas, pendem das janelas, desfolhadas pela brisa.
As pétalas voam pelo chão, como borboletas moribundas.
Andam os Burros, as mulas e as cabras, com ponpons e sinos!
Os badalos dos Bois, que puxam carros engalanados, emudecem os sons do fio de água que corre da Fonte Sêca, albergue das Cantarinhas, pousadas por esperançosas moçoilas que aguardam, tranquilas, o fim desta inocência!
Atrás, bem ao fundo, o cortejo dos desvalidos que nem sequer chega à Ponte! Não lhes é permitido pelos cães de fila que lhes barram o caminho. Esvoaçam ameaças estilhaçadas por velhos medos, demasiado conhecidos! E recuam...perante aquela fileira de dentes brancos, caninos, que ameaça roer-lhes a Alma até às profundezas da sua vontade!
E a festa transforma-se numa amálgama de destroços inertes, que flutuam nos ventos cruzados, como as pétalas das prometidas flores de Abril!
Murchas e secas!
Luís Constantino