ANO NOVO

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Enquanto que para alguns países assim não seja, para os países ocidentais, que adotaram o calendário gregoriano, foi globalmente declarado que no dia 1º de janeiro seria comemorado o ano-novo. 

As celebrações variam conforme o local e as tradições, mas em geral, a passagem de um ano para o outro é o momento de agradecer e fazer desejos para o ano que entra.

É um momento de renovação das esperanças e é cheio de superstições. As roupas, os rituais e os alimentos, por exemplo, têm significados importantes para essa comemoração.

Os mais conservadores não dispensam algumas tradições próprias do virar de página para o novo ano como comer as doze passas à meia-noite, representando cada uma os doze meses do ano que se inicia.

Para dar as boas vindas ao novo ano, abrem-se garrafas de espumante e as mãos mais elitistas fazem saltar rolhas de champanhe Cordon Rouge ou Möet & Chandon, enquanto a música intensifica as forças positivas de vida e juventude.

Nos espaços de diversão noturnos a dança é elemento fulcral na animação do ambiente, destacando-se a adoção das mais recentes tendências. Na rua tem vindo a crescer a oferta de atrações das festas de réveillon predominando espetáculos de fogo de artifício e concertos.

Está ainda em algumas memórias os bailes da passagem do ano onde a música rolava solta na forma de diversos estilos pela noite dentro. Era um fenómeno transversal a todo o país, e eram iniciativas dos clubes desportivos e agremiações diversas, em que Coimbra em nada era diferente.

Alguns que arrastavam aficionados de bailes eram o Grémio Operário na rua da Ilha, Sporting Club Nacional no Largo da Freiria, Rancho de Coimbra na rua do Moreno, Coimbra Clube na rua Nova, Sporting Club de Coselhas e Grupo Recreativo Cruz de Cristo em Coselhas, Sociedade de Recreio Alma Lusitana nas Almas de Freire, Clube Recreativo do Calhabé, Tiro e Sport em Celas, Clube Recreativo "Pirilampos de Celas", Vitória Futebol Clube de Coimbra na Arregaça, Ateneu de Coimbra na rua do Cabido, Grupo Recreativo 1º de Janeiro – Patelas na Conchada , Grupo Recreativo Montes Claros, Santa Clara Futebol Clube, Clube de Futebol do Calhabé, Sport Club Coninbricense, Os Irmãos nos Olivais, Centro de Recreio Popular Bairro Marechal Carmona (atual Norton de Matos), etc. 

Nos salões de baile, normalmente de pequenas dimensões, as meninas acompanhadas pelas mães, primas ou amigas de confiança sentavam-se em cadeiras dispostas em uma mesma linha. Os rapazes afastados fingiam conversar entre si, mas sempre de olho nelas para se chegarem rapidamente perto da escolhida e ser seu par logo que a música começasse a ser tocada. Com os primeiros acordes a sair dos instrumentos da orquestra, banda ou conjunto que animava o baile, mesmo não sabendo qual o tipo de música que ia ser tocada, os rapazes atropelando-se para chegar primeiro perto daquela que tinha sido escolhida e após uma vénia, perguntavam: - a menina dança?

Muitos não conseguiam o par desejado porque mesmo transformados em cordeiros ficavam  à mercê das preferências das meninas.

Eram tocados sucessos como sambas, chá-chá-chás, boleros, rock'n'roll, valsas, twist e tangos.

Muitos romances começavam nessas noites a par com o início do ano onde tudo era novo ou renovado, o amor e a felicidade que se procurava para mais 365 dias!

Carlos Ferrão

 

[foto: Coimbra Clube, 1970]