Editorial 27-08-2022

Declaração de amizade a uma amiga poetisa recentemente chamada p’los anjos, Ana Luísa Amaral (05/04/1956 – 05/08/2022)

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Quem sabe reconhecer a dor de quando se perde uma flor em um jardim, uma pétala bamba, uma folha solta do meu caderno amarelecido p’lo tempo ou rasgada por mim. Uma menina ou uma senhora que ninguém sabe de quê...

Quem sabe dizer je t’aime em um certo momento oportuno embora delicadamente fragilizado p’lo pranto aquecido em teus dedos perdidos, em meu mundo e por muitos os caminhos...

Quem sabe viver cada minuto como se fosse o último sopro de fôlego em uma fogueira apagada de um estio luminoso em teu peito afagada onde se banha a génese do amor...

Quem sabe se um dia nos veremos e falaremos de poesia, de prosa, da força das palavras, do poder do verbo e de todas as coisas mágicas que nos provocavam des frissons entre dois rios e outras noites...

Quem sabe se por aqui talvez fosse um intervalo durante o qual as vozes pudessem falar do Mundo e, afinal, os versos nunca foram versos senão ao contrário...

Quem sabe se o que nos procura durante toda a existência nos prepara a partir, como se na escuridão se encontrasse a beleza da arte, a arte de ser tigre em uma única savana...

Quem sabe se um dia ou uma noite nos cruzaremos algures num desses paraísos...

Quem sabe...

 

Autoria da poetisa de pé-descalço

Não respeita o AO90

Cébazat, sábado dia 27 de Agosto de 2022

Imagens retiradas da net

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