COSTUMES

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Dou por mim a pensar nos meus avôs com bastante frequência.

Eram homens de costumes antigos, e antes que comecemos a enaltecer como era ou se estava bem antigamente, a maior parte deles reprováveis à luz da modernidade social.

Faziam os brinquedos dos filhos e netos, estavam dispostos a resolver os problemas recorrendo à dialética física, matavam bicharada para pôr no tacho, amanhavam a horta, tinham o entendimento de família vigente, machista e misógino, mas onde "todos sabiam o seu lugar" à luz da honra e fé cristã.

Não seriam homens espectaculares, mas tenho a ideia de, fazendo uma seleção do que cada um deles tinha de bom, não lhes poderei atribuir nenhum dos meus defeitos.

Penso, portanto, o que sentiriam se hoje por cá andassem. Sim, ficariam surpreendidos por a banana do Equador estar mais barata que a batata, achariam que os rapazes efeminaram, confusos pela missa de domingo ter sido trocado por uma partida de paddle.

Mas acho que ficariam estupefactos com o protocolo de gestão de resíduos orgânicos canídeos.

Há alturas onde, além do sorriso, me sai um controlado e cadenciado riso, ao imaginar os comentário de qualquer um deles ao ver o pessoal a agachar e enrolar os dejetos em saquinhos, para posterior processamento.

E, garanto-vos, seria bom que não tivessem os ouvidos políticamente corretos se estivessem por lá a ouvir os comentários.

Francisco José Dias Lopes