QUER SER PROFESSOR? - NÃO, OBRIGADO!
A importância dos professores para uma sociedade mais desenvolvida é indiscutível. Mas em Portugal, os muitos governos, continuam a tratar mal quem escolhe a carreira de professor. Seja a carreira do professor do ensino básico, seja a carreira no ensino secundário continuam a ser os profissionais com os salários reais a baixarem 1% em Portugal, enquanto nos países da OCDE subiram 6%. Os professores continuam a não ter condições laborais condignas e isto começa a ter consequências na falta de professores e colocando mais longe o desenvolvimento português.
Não havendo profissionais que suportam o desenvolvimento da sociedade portuguesa, começa a haver o risco de se regredir no desenvolvimento a todos os níveis em Portugal.
Começando pelos dados do relatório Education at a Glance 2023 apresentado esta pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), em Paris, os salários reais dos docentes portugueses caíram 1%, entre 2015 e 2022. No mesmo período, os vencimentos dos colegas dos restantes países subiram, em média, 6%.
Ainda um estudo realizado pela Federação Nacional da Educação (FNE) e Associação para a Formação e Investigação em Educação e Trabalho (AFIET) revela, num estudo realizado no final deste último ano letivo feito a mais de três mil professores, que 16,4% disse que gostaria de se aposentar antecipadamente (em 2023 eram 14,5%) e outros 13,8% esperam que tal aconteça nos próximos cinco anos (eram 12,7% em 2022). Ainda segundo o relatório 82,8% dos inquiridos admite que não incentivaria um jovem a ser professor.Também são menos os que desejam continuar a dar aulas por ser aquilo de que gostam: No verão do ano passado eram 45,1% e agora são apenas 35,5%, segundo a consulta.
A “excessiva quantidade de trabalho administrativo” continua a ser o maior problema que dizem enfrentar, seguindo-se as dificuldades de conciliação da vida profissional com a familiar.
Aumentou o número de professores que aponta a indisciplina dentro da sala de aula como o maior desafio (passou de 10,8% para 16,5% dos professores), assim como aqueles que acham que têm alunos a mais (de 11,8% para 13,9%).
A estes problemas soma-se o sentimento de não existir reconhecimento social da sua profissão (87,7%), um problema que também se agravou em apenas um ano (mais 4,8 p.p.).
Sobre as perspetivas de desenvolvimento da carreira, quase nove em cada dez (89,2%) consideram que são pouco ou nada atrativas, continuando a registar-se uma ligeira melhoria: Em 2021, 96,2% viam o futuro da carreira como algo dececionante ou pouco atrativo, e no ano passado eram 94%.
Mais de um em cada quatro inquiridos defende que são precisos mais professores e assistentes nas escolas, enquanto 16,8% escolhem a opção de apoiar os alunos com necessidades educativas especiais.
Sobre as novas ferramentas digitais, entendem que são um recurso para o ensino, mas levantam preocupações em relação ao seu uso nas aulas e recreios.
A maioria continua a ser contra o uso de manuais digitais no processo de aprendizagem dos seus alunos, um processo que foi iniciado pela anterior equipa do ministério da Educação e que tem levado a forte contestação por parte dos pais.
Os professores gostariam ainda que as escolas tivessem mais autonomia para definir os currículos, calendário e até modelo de avaliação dos alunos, segundo o estudo realizado entre 14 e 28 de junho de 2024 ao qual responderam 3.570 docentes do pré-escolar ao secundário.
Um em cada quatro inquiridos (41,4%) tinha entre 21 e 30 anos de serviço, 18,9% entre 31 e 35 anos de serviço e 17,4% já tinham mais de 35 anos de serviço.
Enquanto continuam estes problemas, transversais a toda a classe de professores em Portugal, o ministro da Educação admitiu que o próximo Orçamento do Estado poderá contemplar apoios para atrair mais professores para as escolas de Lisboa e do Algarve, caso continuem a ser zonas com mais casos de alunos sem aulas. Considerando reduzir o problema nacional aos flagrantes casos de Lisboa e do Algarve. O ministério da Educação, Ciência e Inovação tem um plano que espera que quem está à beira da aposentação aceite adiar a reforma em troca de mais 750 euros brutos mensais, ajudando assim a reduzir os casos de alunos sem aulas.
Outro dos planos da tutela é antecipar os resultados da colocação dos professores, facilitando o trabalho de planeamento das escolas e a vida dos professores que, neste momento, sabem apenas em finais de Julho ou Agosto onde irão começar a trabalhar em Setembro.
“É necessário fazer uma preparação mais atempada” da colocação de professores, disse Fernando Alexandre, que acredita ser “possível começar este processo em janeiro” e ter os resultados divulgados em Maio.
Sem medidas clara estruturantes, Portugal, corre o risco de continuar a perder professores que são fundamentais no desenvolvimento de um país.
JAG