QUE 10 de JUNHO QUEREMOS?

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 Que Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas estamos
dispostos a comemorar? A pergunta é legítima, depois de 48 anos de
democracia.

Continuamos ancorados nos desfiles militares, nas condecorações e nos
discursos. Deveria aproveitar-se, a data, para pela nesga da porta,
olharmos o passado; espreitarmos o presente e janelarmos o futuro.

Esse dia, o da Nação e de todos os portugueses, deveria ser oportunidade
para redescobrirmos Camões, o poeta da exaltação Lusíada e da narração de
uma das fases mais distintas do nosso trajecto colectivo, assim como para
nos reencontrarmos com Portugal. Os Descobrimentos foram o postigo do
processamento da globalização…

O 10 de Junho tem de ser o palco para se desbravar, desfolhando, as páginas
da Diáspora de milhares de milhar de portugueses que, por toda a parte, têm
espalhando o espírito, o carácter e o mais digno exemplo da nossa labuta
gloriosa. Mostramos, lá fora, o nosso espírito lusíada.

Deixemos de lado as paradas militares. Mostre-se a outra face das nossas
FA´s, as que prestam serviço - diversificado – às populações, à Pátria e,
em solidariedade, a Países precisados. Abandone-se a retórica dos discursos
escoados de conteúdo. Seleccione-se, com critério, as figuras a condecorar
para não se banalizar o acto.

O Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades, em pleno séc. XXI, merece
outro género de comemoração. Mais apelativa, com alguma mística de sabor
histórico-cultural-tradicional. Com a possibilidade de, todos e cada um dos
portugueses, contextualizarem as mensagens do passado para conseguirem
interpretar os desafios de hoje e os de amanhã. Para despertarmos para se
projectar um Portugal de esperança e de futuro.

Apetece-me dizer: Viva Portugal, o País que amamos; vivam os portugueses,
tu, o outro, aquele e todos nós que ajudámos a edificar a Nação; viva
Camões e os nossos maiores escritores, poetas, pintores, actores,
professores, artistas em geral e toda a gente, a nossa; viva quem, na
penumbra do País real, tem tricotado a Nação, com sacrifícios, lágrimas e
calos. Celebremos este 10 de Junho, invocando a nossa garra estóica e
heróica, com a linhagem lusa, a que nos caracteriza como Povo.

                                                              António  Barreiros


(Editorial transmitido pelo "Famalicão Canal TV - parceria com "O
Ponney")