A FOME…

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- Ela nunca mais chega! Estou cheio de fome!

- Que exagero! Andas sempre cheio de fome. Não há comida que te vede…

- Ora. E o pai? Está sempre aí sentado no sofá a dormir. Só se levanta para comer…

- Mas eu estou velho e cansado. Mal de mim, se andasse sempre como tu a saltar, a pular, a correr, a derrubar os objectos que estão em cima das mesas… Nem sei como é que ela te atura. Se não fosse por sua causa, eu já te tinha posto na ordem…

- Mas eu só brinco. Não faço mal a ninguém. Ela, a si, até lhe serve a comida num tabuleiro para não ter que se levantar daí do sofá.

- Já te disse! Porque já não tenho a tua idade. Estou velho!

De repente ouvem o barulho da chave na fechadura.

- Disfarça! Disse o velho. Para ela não perceber o que estamos para aqui a dizer.

- Sim,sim, disfarcemos, aquiesceu o miúdo.

Ela entrou, dirigiu-lhes um cumprimento e foi até à cozinha para lhes ir dar a comida.

Correram atrás dela, roçando-se nas suas pernas, ronronando, de rabos espetados como antenas, enquanto lhe diziam repetidamente:

- Miau! Miau!

 

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