A história da Queima das Fitas
A tradição de queimar as fitas remonta ao século XIX, mais precisamente à década de 50. Há notícias dessa época, em que, Segundo Eduardo Proença-Mamede “grupos de estudantes que, vendo-se passados nos exames do 4.º ano, se juntavam por Faculdade à Porta Férrea e aí faziam um cortejo até ao Largo da Feira, onde as fitas tinham um fim: eram queimadas numa pequena cova no chão onde ardia um pequeno lume”.
O acto de queimar as fitas é anterior à própria Queima. “As festas do ponto” (latadas do fim do século XIX, serviam para assinalar o final do ano académico e a “libertação” dos caloiros.
Entre 1880 e 1898, celebram-se os Centenários, com cortejo, sarau, toiradas e até fogo de artificio. Foi com o Centenário da Sebenta e o Enterro do Grau, que as comemorações adquiriram o lado critico e social, através dos cortejos alegóricos.
O primeiro acto conhecido das festas ligadas à Queima das Fitas, data de 1901 e já com um programa devidamente estruturado. Foram os estudantes do IV ano jurídico que em finais de Maio organizaram um cortejo com cerca de 20 carros alegóricos.
A 27 de Maio de 1913, devido ao famoso episódio do boné (um estudante roubou um boné a um tenente da guarda, a polícia decide “controlar a queima”, colocando na rua muitos dos seus elementos.
Devido à conjuntura política e social (1.ª Grande Guerra), houve vários interregnos. É em 1919 que o cortejo é participado por todas as Faculdades.
Em 1920 surge o primeiro programa oficial da Queima.
A partir dessa data, foram sendo adicionados os outros eventos que hoje conhecemos: a Garraiada (1929/1930); a Venda da Pasta (1932); o Baile de Gala das Faculdades (1933).
Mais uma vez, a situação política, desta feita nacional, repercutiu-se na Queima das Fitas: a 22 de Abril de 1969 é decretado o luto académico, tendo-se este período caracterizado pela greve às aulas e pelo debate exaustivo dos problemas das faculdades e da Universidade; o descontentamento reflecte-se no cancelamento das festividades: “O Conselho de Veteranos decretou o luto, com capa e batina fechada e proibição do uso de insígnias, e a Reunião Geral de Grelados deliberou o cancelamento da Queima das Fitas”.
Em 1979 a Direcção-Geral da Associação Académica de Coimbra presidida por Maló de Abreu, decide organizar pelos seus próprios meios a Semana Académica, que decorreu de 2 a 10 de Junho. Foi o reforço para todos os que queriam voltar aos festejos da Queima, contra os que queriam manter o luto académico.
A Queima regressaria em 1980 devido à enorme adesão da Semana Académica.
A Queima é para os quartanistas fitados a derradeira passagem da vivência estudantil coimbrã. Para os caloiros a emancipação, para os Veteranos talvez o fim da caminhada…
Fontes – Guitarra de Coimbra (blog) – Queima das Fitas 2018.
Foto de Vitor Rochete(facebook)- Rua Larga 1944
I.V.