Endexa


(Não te canses, que me cansas!)
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Aquele ano inteiro,
na carteira, a meu lado,
consigo, bem acordado,
não precisava de sonhar,
nem correr, para lhe tocar,
sem imaginar que um dia,
quase louco me poria,
por voltas da vida,
chegava o tempo de a não ver,
não por mim, mas por seu querer


Chegado o tempo que vivia
essa vida que não queria,
mais intensa de noite,
a sonhar, que de dia,
eu vê-la, tanto queria,
mas, não podia,
desatinado, eu andava,
seu amor me cegava,
a sua fuga me cansava.


A vida tem coisas destas,
ora aceitas ou detestas,
desde aqueles dias,
ao correr atrás dela, me fugia,
quantas tentativas
para esquecê-la,
noites e noites seguidas.
mas, sempre, a vê-la,
nestas noites perdidas.


Não me posso conformar,
as marionetas que somos,
sentindo alguém nos desamar,
insensatos que nos pomos,
que de nós não dispomos,
incapazes de romper,
sujeitamos-nos a sofrer,
usados para manobrar,
numa história se enredar,
em jeito de se desculpar,
por quem já não nos ama,
quando, nos deixou de amar,
ainda, nos prende e desengana.
Não deixo de a seguir, só, a sonhar,
porque, me foge, sempre, a correr,
não sei onde, com ela, possa ir ter!

Edgard Panão

Imagem retirada da net