SOBREVIVÊNCIA E PREPARAÇÃO XXXIV

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Situação hipotética

De repente, as Nações Unidas, em conjunto com os governos nacionais, pedem à população para se protegerem e, em alguns países e regiões, ficar em casa. No entanto, noutros, para saírem e procurarem abrigo junto a familiares ou áreas reservadas para acudir a um problema não definido. A população tem três semanas para o fazer.

Perante esta situação, sabe-se que no mínimo, o que se passa não é por ação humana, mas natural. Embora hajam sempre guerras, esta situação não se deve a estas, a uma rebelião social ou problema económico. O que será? Este será o começo das teorias para alguns.

Os que nos gerem, sabem com antecedência que haverão “baixas” por entre os civis e preparam zonas especiais para resguardar bens importantes, bem como pessoas vivas e consideradas úteis à sociedade ou ao seu reflorescimento.

Como habitual, o “Zé canalizador”, o “António pedreiro” ou o “Manuel carpinteiro”, não terão lugar por entre estes iluminados intelectualmente ou financeiramente. Seja como for, após o aviso, terão hipótese de sobreviver se se deslocarem para os locais designados a pedido ou por imposição.

Haverão sempre aqueles que acham que tudo é uma tramoia e que não se deve obedecer ao que os governos nos impõem. Destes, a maioria morrerá, mas restarão sempre alguns que servirão para destabilizar constantemente os restantes, ajudando a causar mais estragos que resultados.

Assim que é emitido um aviso de nos precavermos ou procurar um abrigo conveniente, o que nos acontece física e mentalmente?
Avaliar o comportamento humano é uma tarefa importante durante uma emergência. Não há como dizer como uma pessoa reagirá quando surge uma situação de emergência. Na melhor das hipóteses, os indivíduos serão capaz de manter a calma e focar-se na execução dos procedimentos de emergência aprendidos no seu treino.

Na pior das hipóteses, os mesmos podem entrar em pânico, indo contra tudo o que lhes foi ensinado. Podem até recusar-se a seguir as instruções de evacuação por puro medo, ideologias ou até por más informações prestadas.

Compreender o comportamento humano durante as emergências é tão essencial como qualquer outro tipo de preparação. Os mais atentos, devem estar cientes destes comportamentos humanos mais comuns durante situações stressantes para que possam, por sua vez, saber como abordar ou reagir adequadamente ao indivíduo especificamente.

Os comportamentos ou reações humanas mais comuns que geralmente surgem de um grupo de pessoas podem ser bastante variados, dependendo da disposição do indivíduo. Isto pode variar desde ser ordeiro ou seguir diligentemente as instruções para os procedimentos de emergência ou entrar em pânico e congelar ou até tornar-se violento. Algumas pessoas assumem também funções de liderança e têm a iniciativa de ajudar, independentemente de serem solicitadas e quando há muitos a mandar, criam-se fricções.

Como reagimos a situações de emergência?
Embora possa haver uma variedade de comportamentos humanos que podem surgir nesta situação, existem ainda respostas gerais obtidas através de observações. Por exemplo, quando se trata de utilizar saídas, as pessoas tendem a seguir as rotas com as quais estão mais familiarizadas. Para estes, as saídas de emergência são novas fronteiras, territórios quase estranhos, que agravam ainda mais os seus receios e medos, precisamente por ser algo com que não estão familiarizados. Ao contrário da crença popular, o pânico é surpreendentemente raro, pelo menos no que diz respeito a uma evacuação normal. Por outro lado, para situações que envolvam indivíduos presos, é expectável pânico.

Ajudar-mo-nos uns aos outros a chegar em segurança a “bom porto” é também um dos comportamentos humanos dominantes em momentos de emergência. No entanto, quando se trata da ativação de mensagens claras de evacuação ou de sistemas de alarme, a maioria das pessoas continua geralmente a fazer o que está a fazer até que haja uma declaração oficial de que não se trata de um exercício. A resposta aos alarmes de emergência é, portanto, geralmente atrasada.

Com as pessoas inicialmente descrentes de uma verdadeira situação de emergência baseada na ativação dos alarmes, apenas algumas procurarão mais informações junto de uma figura de autoridade.
Quando as pessoas não têm a certeza do que está exatamente a acontecer ou do que devem fazer, geralmente seguem o que os outros fazem para tentarem compreender melhor a situação. Depois de verem todos os outros a evacuar, é mais provável que sigam o exemplo, embora possam não ter necessariamente uma imagem clara do que se está a passar.

José Ligeiro