A DÉCIMA SÉTIMA AÇÃO PARA COIMBRA

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Em campanha eleitoral tudo pode ser prometido, mas o incumprimento, das promessas, aumenta a descredibilização que já têm os políticos eleitos o que acaba por afastar os eleitores das urnas de voto. Por isso é absolutamente necessário que se cumpra o que foi prometido, em campanha eleitoral, a bem das populações e para a manutenção da própria Democracia.

Ora a lista de 7 partidos (com destaque para o PSD) e encabeçada pelo candidato José Manuel Silva, prometia na ação 17 : «Tornar os SMTUC um meio de transporte fiável em que as pessoas possam confiar para os levar a horas ao seu destino;» não está a ser cumprida e está a aumentar alguns dos problemas no transporte municipal.

O cada vez maior número de horários que não estão a ser cumpridos, especialmente dentro da cidade, ou a frequência insuficiente de linhas reduzem a confiança e aumenta a insatisfação de quem tem passe pré-comprados ou que tem consciência de usar os transportes públicos dos Serviços Municipalizados de Transportes Urbanos de Coimbra (SMTUC).

Colocando-se a questão aos cidadãos que habitam em Coimbra: «levar carro para o trabalho, ir de taxi, chamar uber, ou andar a pé?” Sendo que, perante as condições em Coimbra, o uso de carro próprio começa a ser mais viável o que contraria as medidas das cidades sustentáveis.

Entretanto os utentes dos SMTUC vão dizendo: «Agora temos autocarros de meia em meia hora. Ou seja, para entrarmos no trabalho às 9 horas, temos que apanhar o autocarro das 8h35m. Mas temos que estar na paragem 10 a 15 minutos mais cedo.»

Ou quando reclamam: «Se fosse só de meia em meia hora e saber que vem mesmo o autocarro, já era bom. Pior é horários de 45 a 50 minutos e faltam...ou quando aparecem com bandeira trocada. Quando não ficamos no meio caminho, (por motivos de avaria) que é com bastante frequência.»

Por outro lado a Câmara Municipal (CM) de Coimbra aprovou, na reunião de segunda-feira, dia 17 de Fevereiro, a aquisição de 30 autocarros elétricos novos e 17 postos de carregamento para os Serviços Municipalizados de Transportes Urbanos de Coimbra (SMTUC), num investimento global de 13 milhões de euros. A operação vai ser financiada pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), no montante de cerca de 8,3 milhões de euros e os restantes 5 milhões de euros são suportados pela autarquia.

Apesar do esforço económico que pesa no orçamento municipal, na compra de autocarros novos, sendo que alguns autocarros, mesmo novos, entram nas oficinas ou são abatidos. Também há o caso da aquisição recete de autocarros, como os autocarros números: 338, 339, 346, 603 e 604; que foram comprados, já com uso e pouco tempo depois foram abatidos. Um dispêndio de dinheiro que acabou por não ser aproveitado para “tornar os SMTUC” num meio de transporte fiável.

Para além desta gestão dos autocarros, que levanta grandes dúvidas sobre o seu correto planeamento, ainda temos o caso mais evidente nos SMTUC: a falta de motoristas que aumenta por desistência de alguns, outros reformam-se, mas que não têm a respetiva substituição.

Recentemente, a CMC, abriu um concurso necessitando de 40 (quarenta) motoristas para os SMTUC e apenas recebeu, esta semana, a inscrição de 8 candidatos. O que é preocupante para quem fez a promessa política de «Tornar os SMTUC um meio de transporte fiável em que as pessoas possam confiar para os levar a horas ao seu destino;»

Para aumentar o problema, que tem como grande consequência o descrédito nos transportes municipais e a dificuldade por aumentar a sustentabilidade em Coimbra, aparecem os anúncios às greves dos motoristas que aumentam ao longo dos meses, de Fevereiro até Setembro (ver artigo de O Ponney).

As greves dos motoristas reclamam condições laborais e de carreira que, também, impede a Câmara de Coimbra de conseguir contratar mais motoristas. Ou seja, se forem dadas as condições de carreira exigidas pelos atuais motoristas, por isso o protesto em forma de greves, aumentam as condições que motivam maior número de candidaturas a motoristas dos SMTUC, para se fazer face à atual falta destes profissionais.

Uma gestão duvidosa na compra de autocarros e uma incapacidade para resolver os problemas laborais dos colaboradores dos SMTUC, junto com um conjunto de obras aprovadas ao mesmo tempo no perímetro urbano de Coimbra, criam um cenário oposto ao que foi prometido em campanha eleitoral.

O Ponney já tinha feito uma entrevista ao motorista Sancho Antunes, amigo do nosso jornal e eleito para presidente da comissão de Trabalhadores dos SMTUC, que nos relatou na sua entrevista do ano passado:
«Reivindico, por exemplo, que seja cumprido o acordo assinado entre a Câmara Municipal de Coimbra, pelo Conselho Administrativo dos SMTUC, e pelos Sindicatos. Esse acordo tem a denominação ACEP (Acordo Coletivo de Empregador Público), mas não está a ser cumprido na integra como foi acordado. Está a ser cumprido uma pequena parte o que, na minha opinião (é apenas a minha opinião), viola o principio do acordo e a razão para a sua assinatura. Como algumas medidas dão pequenos benefícios aos meus colegas motoristas, acabam por calar os que deveriam reivindicar o seu total cumprimento. Muitas das vezes dão-nos uma migalha apenas para calar a nossa maior reivindicação. É exatamente isso que me incomoda e não percebo porque é que os Sindicatos estão calados com este incumprimento. Têm medo de quê?»

A responsabilidade pelas carreiras dos motoristas, que originam estas muitas greves, não está apenas do lado do Governo Nacional (na alteração de carreira para Agente Único), mas também está na falta de cumprimento por parte da CMC no respeito pelo Acordo Coletivo de Empregador Público e só assim torna a carreira aliciante para que concorram mais motoristas.

AG

21-02-2025