A IGREJA DE SÃO TIAGO DE COIMBRA, OU COMO DESTRUIR UM PATRIMÓNIO ÚNICO.

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 Na famosa e tradicional Praça Velha de Coimbra, situa-se a IGREJA DE SÃO TIAGO, uma construção de estilo românico, datada dos últimos anos do século Xll, do tempo do reinado de D. Sancho I, e sagrada no ano de 1206. Primitivamente, esteve ligada a Santiago de Compostela, cuja catedral era a sua entidade padroeira. No entanto, logo no século XVI, a igreja foi profundamente descaracterizada, com acrescentos muito pouco comuns. Na verdade, em 1546, a Misericórdia de Coimbra iniciou a construção das suas instalações, sobre a nave direita, tendo-se depois estendido a outras partes do telhado, o que levou à descaracterização de toda a zona superior da igreja. Depois, com o alargamento da Rua do Coruche, sofreu a amputação de parte da cabeceira.

No início so século XX, arqueólogos e “entendidos” da cidade, e alguns da capital, liderados por António Augusto Gonçalves, desejaram devolver a São Tiago o aspecto original, como desgraçadamente fizeram também na Sé Velha e, sem conhecimentos suficientes, destruiram tudo o que lhes parecia posterior aos séculos XII e XIII. Construiram até uma superior da frontaria que não corresponde à primitiva, que não era triangular, mas uma réplica da Sé Velha e da desaparecida de igreja de São Cristóvão. No interior, a descaracterização foi ainda maior. a igreja de São Tiago foi devolvida a um fácies próximo do que tivera nos

séculos Xll e XIII.

Na capela-mor, foi colocado um retábulo de talha dourada e marmoreada, do século XVIII, arrancado da igreja de São João de Almedina, e foi transferida de flanco uma capela gótica do século XV, já de estilo flamejante.

Em resumo; foi um fartar vilanagem. Perdeu-se a história do edifício, as suas características únicas, com uma igreja sobre outra, a abrirem-se para ruas diferentes, destruíram-se construções do século XVI, e acabaram por fazer uma coisa que não corresponde ao desejado “aspecto inicial”.

Deixo aqui 2 fotos da igreja antes do pseudo-restauro e destruição do património quinhentista e posterior.

 

Igreja-de-Sao-Tiago2.pngPedro Dias