AUTÁRQUICAS: TRAVESSO PSD EM COIMBRA
A Direcção Nacional do PSD – os partidos centralizados nas suas estruturas lisboetas – preteriu o médico Nuno Freitas e já indicou um outro médico, também de Coimbra, José Manuel Silva, para cabeça de lista às próximas eleições autárquicas.
Trata-se de, até para usar terminologia que encaixa perfeitamente no universo do poder local, uma verdadeira machadada nos anseios de Freitas e, estou convicto, numa larga fatia de militantes e de simpatizantes do PSD/Coimbra.
Tenho para mim que o PSD, com esta sua atitude de ar travesso e malandrote, não vai colher a simpatia de partidários do seu leque concelhio. Não lhe ficou bem esta cartada que sabe a uma pequena traição a Nuno Freitas, um nome consensual para figurar como cabeça de cartaz ao Município de Coimbra. Uma personalidade local que já foi deputado e vereador, tendo dado muito de si ao partido, e às causas da Cidade e da Região.
Tenho respeito e consideração por José M. Silva não só pelas posições que, e no cargo que vem exercendo, desde 2007, na qualidade de vereador independente, em representação do Movimento “Somos Coimbra”, tem sabido defender com garbo e muito bairrismo mas, também, por ter uma folha de serviços que lhe molda o perfil, já que foi Bastonário da Ordem dos Médicos, Pró-Reitor da UC, Chefe de Equipa do Serviço de Urgência dos HUC e desempenhou outros lugares.
Mas não bastam estas notas para se chegar a um lugar que estaria, por mérito e por direito próprio, reservada a outra personalidade, até por ser da massa social democrata. O outro não o tem sido.
Esta forma de os partidos fazerem política baixa e nada abonatória da sua conduta de verticalidade perante as pessoas e os seus militantes, aliás de quem dependem, pois e sem eles a sua existência será posta em causa, é que os arrasa em termos de inclinação de votos. O PSD tem vindo a descer na intenção dos portugueses. Os resultados provam-no.
Nas últimas eleições do poder local, a abstenção foi elevadíssima. É um resultado que marca o desinteresse dos conimbricenses (e não só...) que não perdoam aos que nas secretárias de Lisboa, nas Direcções dos partidos, seleccionam os candidatos à cadeira do poder municipal de Coimbra. Mas o mesmo se poderá aplicar a umas quantas Cidades de Portugal. Daí, e é um facto a reter, termos assistido ao surgimento de movimentos de independentes. Daí, e também a reter, o facto de PS e PSD ter alterado a lei e apresentar novas exigências a esses movimentos…Este gozo dos dois principais partidos em brincar às “casinhas” do poder local, com os portugueses, poderá sair-lhes caro, ou seja, acrescentar mais à abstenção.
O PSD joga, com esta decisão, até pelo que ela representa de traidora – espero que me venha a enganar nesta minha previsão, até porque não sou mago - uma carta suja e por baixo das mesa para a vida autárquica concelhia conimbricense.
Coimbra continua apostada em não conseguir apresentar, no leque de todos os partidos e movimentos, um rosto do labor empresarial de valor, identificado com as novas tecnologias, com o digital, com o 4.0 e com as “modernices” aprontadas para breve que serão o caminho do progresso futuro e a porta larga para a Cidade se candidatar a estar na vanguarda deste séc. XXI. Um século cheio de desafios da inteligência artificial e não só…de vírus incómodos na dimensão da política que teima em não escutar as pessoas, as Cidades, o Interior, as Instituições Públicas e Privadas, as Associações de classe e os que labutam para que todos os dias haja pão…
António Barreiros