COIMBRA (IN)VISUAL…

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Sem visão, Coimbra – que me perdoem os cegos – é uma Cidade sem visão de presente e para o futuro próximo, porque hoje… o amanhã é quase agora.

Coimbra perdeu-se, no e com o tempo. Primeiro ajoelhou-se aos pés da Universidade, como se bajulasse o altar mais purista do Mundo. Como se lá estivesse o Santo mais capaz de, e com um milagre, remodelar, reformar e reencaminhar a Cidade para este séc., o XXI, cheio de modernismos. Confiados e atrelados às novas tecnologias que trazem percepções virtuais, ligações nets, comunicações móveis e, não tarda, hologramas e outros equipamentos que fazem, falam e trabalham por nós.

Coimbra está presa, algemada e refém de um passado que guarda lentes, como que se tratasse de um cofre inexplorável. O saber já não é mais de uns poucos, mas abriu-se a uma maioria, porque as sociedades são deste Mundo, o global.

Coimbra tem um espírito, como se diz por aí, de muitos coimbrinhas, os que se ajustam a essa era passadista em que se tem de estender a mão para ver o assunto a andar, caso contrário apodrece nas gavetas dos poderosos, das altas figuras universitárias e das que têm as rédeas de outras governanças.

Coimbra vê as águas do Mondego passar sem perceber que o tempo não lhe corre a favor. Se não se despachar e se fizer à vida, ao caminho e às exigências, as de hoje e as da proximidade que há-de vir, arrastar-se-á para o final da cauda.

Coimbra precisa de um abanão nas mentalidades, de se requalificar no mapa dos projectos, de se reorganizar no domínio das áreas de actividade que a possam fazer correr para a modernidade e de se reinventar como Cidade, sem deixar, claro está, de confraternizar com a História e com a eloquência que a produziu e lançou como Cidade.

Coimbra não pode continuar a ficar para trás, prisioneira de gente que não sabe dar-lhe rumo e que não tem inclinação para ser timoneiro.

Os responsáveis, por tantas áreas que a Cidade decidiu acolher, que se deixem de folcloridades, saindo ao povoado para auscultar as pessoas, analisar as realidades e avaliar o que pode soprar com o marasmo em que mergulhou, faz uns 30 anos.

Traçar o futuro a Coimbra é tarefa desafiante, mas deve atrair jovens com a sua vontade de se fazerem aos caminhos de hoje e concitar os seus conhecimentos da modernidade com os que, pela idade e vida, souberam partilhar experiências e saberes adquiridos. A vida é um entrecruzar daqueles e destas. Coimbra só terá a ganhar… Uma Cidade jovem e antiga capta um assinalável espírito para tudo dar certo. Apostemos nisso e mais o que se apresentar, por aí…

António Barreiros