COM CLAREZA versus À SURRELFA

Hospital-dos-Covoes2.jpg

A criação do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (SHUC), agregando o conjunto de estabelecimentos hospitalares do SNS em Coimbra, terá sido entendido por muitos como uma decisão de racionalização de meios e um acto de gestão coerente com a vontade de melhorar a eficiência da prestação de cuidados hospitalares.

Perante bondosas perspetivas técnico-funcionais e sugestões de significativas economias de escala, os decisores políticos terão adotado com fervor a ideia, até porque ela propiciaria a abertura de caminhos ao desenvolvimento da hospitalização privada, o que, para muitos, era a solução para resolver os problemas de investimento no SNS.

Contudo, os avisados políticos, de Coimbra e de arredores e de todas as áreas poçitico-partidárias, entenderam que esta não era uma decisão noticiável. Por um lado suscitaria uma natural reação dos cidadãos utentes/eleitores e por outro que havia e há por aqui um conjunto de "grandes" eleitores que não gostariam de ver reduzido o seu campo de ação.

Assim, e mesmo considerando que no nosso país o número de camas por habitante é inferior à média europeia, percebeu-se que muitos, renegando a sua matriz ideológica e convencidos que o paradigma neoliberal era triunfante e que por isso era do seu interesse pessoal apostar no esvaziamento dos serviços públicos de saúde e no triunfo da medicina privada, apoiaram, ainda que envergonhadamente, a junção de serviços e o enfraquecimento da oferta pública.

Talvez percebendo isto, António Arnaut, que faz hoje dois anos nos deixou, fez aquele grito/apelo, que lhe terá vindo do fundo da alma e da inteligência: "Ó Costa, aguenta lá o Serviço Nacional de Saúde!"

Mas, por força da macedónia de interesses pessoais, profissionais e políticos avançou-se, consequentemente, para a criação do CHUC, mas..., e isto é importante,  sem que houvesse a coragem e a hombridade de dizer publicamente ao que se ia. E o trabalho começou à surrelfa.

Hoje, perante o cenário existente na área da saúde, de uma enorme confusão, nesta cidade de António Arnaut, que já pretendeu ser Cidade da Saúde, o que se pede é que se venha dizer às claras o que se pretende verdadeiramente, para aqui, no campo da saúde. 

João Silva