CRÓNICA: Cassandras.

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A vida é uma viagem fantástica que tem os seus mistérios e perigos que espreitam a cada passo da caminhada. Desde pequenos que aprendemos a arte do equilíbrio conjugando o que de mais adverso se nos opõe. Nem sempre somos lestos, as ameaças e as invejas vigiam as fragilidades e a bondade, não olhando a meios para pescar, com o isco dos outros, o que por mérito próprio nunca conseguem. Todos conhecemos pessoas que se escondem atrás das suas cobardias para incendiarem o bom nome dos outros, desaparecendo de seguida quando a casa já está a arder. Depois ficam ao largo, como Nero, enquanto Roma ardia. É caso para dizer que “Roma não paga a traidores”. E os que se escondem como Nero, não podem sublimar-se eternamente sem responderem pelos seus vestígios que acabam, mais tarde ou mais cedo, por ser revelados. Qualquer cidadão está sujeito a uma carta anónima, miseravelmente cobarde, sobre qualquer “facto” que supostamente pode ter praticado durante o exercício das suas funções públicas. A presunção da inocência tem dado lugar a um julgamento prévio na praça pública por justiceiros que parecem ter saudades dos Tribunais Plenários. Assim, é preciso muito pouco para que qualquer cidadão seja notícia, sem que tenha os mesmos meios para se defender. Portugal é um Estado de Direito, mas, às vezes, há episódios que nos lembram os piores momentos de resistência, em que quase tudo parece uma farsa.

Vem isto a propósito do meu amigo Nuno Moita da Costa, atual Presidente da Câmara Municipal de Condeixa-a-Nova, ter sido acusado cobardemente, por alguém, de factos que remontam a 2009, quando era vogal do conselho diretivo do organismo responsável pelas obras do Ministério da Justiça, o Instituto de Gestão Financeira e Equipamentos da Justiça (IGFEJ). Vejam só, há dez anos. Estranho só agora, o “caranguejo da justiça” olhou com outos olhos, sem miopia, para um caso que deixa muitas dúvidas, principalmente, porque se tratou de uma denúncia anónima. Não há coincidências, nem ingénuas inspirações de Cassandras que sopram no ouvido do porteiro do Areópago. O calendário escolhido para acusar alguém, em ano de eleições legislativas, deixa a suspeita que há uma agenda política. Há maus profissionais em todo o lado, e, por isso, a árvore da Justiça continuará perene e a ser o pilar fundamental da sociedade. A Justiça fará o seu caminho, embora nem sempre a lei seja suficiente, como dizia o Dr. António Arnaut. A celeridade com que o segredo de justiça é violado é impressionante. Na opinião pública cria-se a ideia de que não vale a pena contrariar a fuga do segredo de justiça. Se existe fuga de informação é porque alguém disponibilizou essa informação. E essas pessoas só podem ser as que têm a mão na massa. Dito isto, percebe-se que há uma ideia clara de condicionar Nuno Moita da Costa nas suas expectativas pessoais e políticas. Dez anos é muito tempo para não se fazer nada. É, por isso, que a Justiça é vítima de si própria em muitas situações.

Quem conhece o trabalho diário do autarca Nuno Moita da Costa conhece o homem bom, generoso e dedicado à causa pública, defensor intransigente das gentes de Condeixa-a-Nova, criativo e empreendedor. É um cidadão empenhado em fazer obra, inovador e incansável que não se deixará impressionar por acusações sem rosto. É nestes momentos menos fáceis que reivindico a solidariedade, para que seja possível enfrentar os que se escondem e expressar de rosto aberto a admiração e o respeito por alguém que afirma, inequivocamente, que “não cometeu nenhuma ilegalidade”. Aqueles que se satisfazem em atrapalhar as correntes fortes com barquinhos de papel, não terão o mesmo gáudio quando os brinquedos se desfizerem no próprio veneno. “A inveja é a amargura que se sofre por causa da felicidade alheia“ dizia Cícero.

O cidadão Nuno Moita da Costa será sempre o que ele quiser, não adianta inventarem falsos factos com agenda política. As velhas Cassandras da Grécia Antiga eram mais inteligentes. A mimese é um processo de memória que vai muito para além de uma revisitação ao passado. O envenenamento das serpentes, que gostam de lamber as orelhas da Justiça, acaba por chamar os Cavalos de Troia.

António Vilhena