Dos casamentos régios em Coimbra

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Sessão camarária de 22 de Abril de 1858:

 - Aprova-se uma proposta do presidente (Jerónimo da Silva Maldonado de Eça) para se fazerem festejos por ocasião do casamento de Sua Majestade EL-Rei D. Pedro.

 - Idem de 28 de Abril de 1858:

 - O presidente da Câmara apresenta para aprovação a despesa feita por ocasião do casamento de D. Pedro V, no total de 796$000 reis, que acaba por não ser aprovada  pelo Conselho Municipal, que propõe uma despesa de 130$890 reis, que foi quanto se gastava quando da aclamação de Sua Majestade.

Sabe-se hoje como foi feita esta estimativa:

 - Para um Te-Dum – 30$000; para iluminação a gás 3 noites – 400$000; para fogo preso 3 noites – 216$000; para arranjo dos coretos – 40$000; para despesa com músicos – 80$000.

 - Continuando:

 - Propôs o presidente que se fizessem três corridas de touros, cuja receita líquida calculava em 1.596$000, visto a praça ter 3 mil lugares.

 - Idem de 27 de Abril de 1858:

 - Posta em votação a questão da despesa com os festejos do casamento real é rejeitada por 5 votos contra de membros do Conselho Municipal.

- Idem de 3 Maio:

- Foi deliberado enviar cópias das sessões dos dias 26 e 27 ao Conselho do Distrito no que toca às demonstrações de regozijo da Câmara pelo casamento de D. Pedro V.

- Idem de 5 de Maio

- O Governo Civil pede que à chegada da Rainha, após o seu casamento na corte de Berlim, seja suspenso o serviço nas repartições públicas e se façam os festejos habituais.

- Idem de 29 de Maio:

- Gratificou-se o sineiro de Santa Cruz co 2.400 reis por consertar o relógio da Igreja de S. Bartolomeu por ocasião dos festejos do casamento real..

  Trigésimo Rei de Portugal, de seu nome completo Pedro de Alcântara Maria Fernando Miguel Rafael Gonzaga Xavier João António Leopoldo Vítor Francisco de Assis Amélio; vulgarmente conhecido por D. Pedro V , nasceu no Palácio das Necessidades, em Lisboa, a 16 de Novembro de 1861, completar-se-ão  amanhã 129 anos e um mês.

  D. Estefânia Josefina Frederica Frederica Guilhermina Antónia nasceu em Dresda, a 15 de Julho de 1837, e morreu no Palácio das Necessidades , a 17 de Julho de 1859, filha do príncipe de Hoenzollern-Signaringen e de sua mulher Josefina Luísa, filha do grão-duque de Baden.

  Foi o conde do Lavradio que, a 15 de Dezembro de 1857, pediu oficialmente a mão da princesa para o seu Rei. O casamento por procuração realizou-se na igreja católica de Santa Edwiges, a 29 de Abril de 1858, sendo D. Pedro representado pelo príncipe Leopoldo, irmão da noiva.

  A 5 de Maio de 1858, no porto de Ostende, embarcou a jovem rainha para Portugal no vapor  “Mindelo”, mudando em Londres para o “Bartolomeu Dias”, chegando  Lisboa no dia 17. A 18 celebrou-se oficialmente o casamento na Igreja de S. Domingues.

  Ninguém diria que seria um curto reinado, começando tão auspiciosamente, nem que terminaria tão cedo e tão drasticamente

Em resposta à Câmara de Lisboa em 1859, escreveria o Rei “…comecei a gozar no seio da família uma felicidade até ali desconhecida”

A Rainha falecia em Julho de 1859, na flor da idade deixando o trono sem descendentes, vítima de contágios por visitar os atingidos pela pandemia colérica que fustigou o pais nesses anos.

  Dois anos mais tarde, era o Rei que a secundava, com uns escassos 24 anos. Não tardou a que se dissesse que tudo tinha sido obra do mefistofélico duque de Loulé, aquele perfídio senhor que casando com a infanta Ana de Jesus Maria e levando-a para o Algarve de barco, soube subtrair-lhe as duas peçasmais valiosas do seu enxoval: uma caixa de rapé  em ouro e a barra de esmeraldas de uma saia preta. E até o povo que cantava “Tia Anica, Tia Anica do Loulé“ emudeceu face ao drama do jovem casal tão promissor, precocemente ceifado pela morte que a todos espera

Eduardo Proença- Mamede (1990)

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