“JÁ NEM EM JESUS POSSO CONFIAR”

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No dia 25 de Fevereiro de 2025, às 14h30, os representantes da Comissão de Trabalhadores dos Serviços Municipalizados dos Transportes Urbanos de Coimbra (SMTUC) tiveram uma reunião com o presidente da Câmara Municipal de Coimbra, José Manuel Silva. Esta reunião teve com objetivo o de ouvir os trabalhadores e falar sobre os 44 dias de greves dos SMTUC. Nessa reunião o presidente da CMC confessou “que já nem em Jesus pode confiar”.

A base para esta reunião teve como grande desencadeador o calendário de luta, marcado pelos trabalhadores em reunião com o Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local (STAL) que aumenta um dia todos os meses até Setembro, mês em que deverão realizar-se as autárquicas, totalizando 44 dias de paragem, acordados há um mês.

Os trabalhadores dos SMTUC decidiram manter a greve, já previamente marcada, por não terem tido qualquer resposta sobre uma possível reunião com o Governo para uma melhoria das condições salariais dos motoristas e mecânicos, que recebem como assistentes operacionais.

Apesar não ter havido, até ao momento, qualquer marcação de reunião entre o presidente da CMC e o STAL, ficou decidido um novo desfile na segunda-feira (10 de Março), partindo da Guarda Inglesa, onde estão os SMTUC, até à Câmara Municipal de Coimbra, onde tentarão intervir na reunião do executivo, que começa às 15H00. Porém a Comissão de Trabalhadores (CT) dos SMTUC foram recebidos pelo presidente da Câmara de Coimbra.

Nessa reunião o presidente da Câmara de Coimbra apresentou como solução poder pagar aos trabalhadores o suplemento e o subsídio. Mas os representantes da CT disseram a O Ponney que essa solução é como “aplicar um penso numa fratura exposta”. Apesar de os motoristas não terem formação médica, como o presidente da CMC, José Manuel Silva, sabem bem que esse suplemento e o subsídio não contam para a reforma e pouco acrescenta ao ordenado e tal “como o penso numa fratura de nada resolvem”.

A outra proposta do presidente da Câmara de Coimbra era a de passar os serviços municipais de transportes, os SMTUC, numa empresa municipal. A que a CT dos SMTUC considerou que só era viável se “agregassem os SMTUC à parte das linhas urbanas do Metro Mondego”.

Quando os representantes da CT começaram a apresentar os muitos erros de gestão nos SMTUC, o presidente da CMC mostrou perfeito desconhecimento do que se passava dentro dos SMTUC.

Como exemplo, de um dos erros de gestão, estava o enorme gasto de papel. Cada motorista tem que fazer o oficio sobre o inicio e o fim de serviço numa folha - o que ronda mais de 300 folhas gastas por dia. Havendo um enorme desperdício de recursos dos SMTUC e que entra em contradição com o investimento que já foi executado em tecnologia. Ao que o presidente da CMC respondeu surpreendido «O quê?! Isso ainda existe?»

Foram apresentados, pela CT dos SMTUC, os muitos erros deste género a que o presidente pediu que cada problema tivesse um oficio separado feito pela Comissão de Trabalhadores. Acabando por desabafar “já nem em Jesus posso confiar”. referindo-se, naturalmente, ao presidente do Conselho de Administração dos SMTUC, Jorge Jesus.

Jorge Jesus foi nomeado, pelo presidente da CMC, José Manuel Silva, para presidente do Conselho de Administração dos SMTUC a 8 de Janeiro de 2024 depois da proposta ter sido aprovada apenas com os votos favoráveis da coligação Juntos Somos Coimbra. Vereadores da CDU e PS abstiveram-se.

De acordo com o presidente da Câmara, os tempos atuais tornam “ainda mais exigente e consumptiva a gestão” dos serviços municipais, levando a que os três vereadores exerçam a gestão em parte do tempo que não lhes “permite dedicar à gestão dos SMTUC, a antecipação, prevenção e resolução de múltiplos problemas, todo o tempo que os mesmos exigem”. O que é surpreendente é que o presidente da Câmara de Coimbra, que defendeu uma administração externa e que apoiou a proposta de entregar a administração a Jorge Jesus, vem agora dizer que “já nem em jesus pode confiar”.

Mas o que agora, em 2025, está a acontecer é que nada de significativo mudou nos muitos problemas dos transportes municipais de Coimbra.

JAG

07/03/2025