Lembrando Miguel Torga
A 17 de Janeiro de 1995 morreu Adolfo Correia Rocha.
O escritor e poeta com o pseudónimo Miguel Torga continua entre nós, porque segundo as suas próprias palavras, “...um Poeta não morre”!
A Morte
E o Poeta morreu.
A sombra do cipreste pôde enfim
Abraçar o cipreste.
O torrão
Caiu desfeito ao chão
Da aventura celeste.
Nenhum tormento mais, nenhuma imagem
(No caixão, ninguém pode
Fantasiar).
Pronto para a viagem
De acabar.
Só no ouvido dos versos,
Onde a seiva não corre,
Uma rima perdura
A dizer com brandura
Que um Poeta não morre.
TORGA, Miguel. Nihil Sibi. 1948
In Carlos Ferrão