Lojas do Saber

Rui Vilão, professor de Física da FCTUC, é o convidado das Lojas de Saber que regressam hoje, sexta-feira, ao Exploratório, para falar de “Física do discurso musical”.
Ao longo da sua carreira, a que área(s) do saber se dedicou? 
A uma área da Física conhecida por Física da Matéria Condensada, dedicada ao estudo da matéria que nos rodeia e das suas propriedades (O que são os metais e por que razão brilham? O que faz com que algumas substâncias sejam magnéticas? Porque é vermelho o rubi?)
. No futuro distante, é muito provável que os historiadores e arqueólogos chamem à nossa época idade do silício, em homenagem ao material semiconductor de que é feita (quase) toda a eletrónica contemporânea. Mas há atualmente uma forte procura de materiais alternativos ao silício. Tenho-me assim dedicado sobretudo ao estudo de novos materiais semicondutores, com aplicações na eletrónica e em energia solar. Presentemente, coordeno um projeto para estudo e desenvolvimento de novas células solares.
Quais foram as experiências mais marcantes da sua carreira? 
A experiência mais marcante foi traumática: a pretexto da crise económica, houve em 2011-2015 uma tentativa de aniquilação de metade da ciência portuguesa, de forma a reforçar o orçamento já acima da média de instituições de “excelência” (incluindo o de instituições ligadas a fundações beneméritas milionárias na capital). Isso demonstrou, claramente, que o papel da ciência no desenvolvimento do país e no fortalecimento da democracia não ressoa ainda na mente de muitos decisores políticos com megalomanias terceiromundistas na cabeça. Eles andam por aí…
Com o saber que acumulou ao longo da sua carreira, que ensinamentos pensa que pode transmitir às gerações mais novas?
Há dois ensinamentos da ciência que me parecem ser da máxima urgência transmitir a toda a sociedade, em particular (mas não só) aos mais jovens: primeiramente, a ciência ensina-nos que a Natureza tem sempre razão, independentemente dos nossos (pré-)conceitos, pelo que as nossas utopias têm de ser humildemente conformadas aos limites impostos pela Natureza. Além disso, o treino académico/científico ensina-nos a importância de analisar criticamente toda a informação que recebemos, de forma a identificarmos se há terreno seguro sobre o qual formamos opinião e tomamos as nossas decisões. Na próxima sexta-feira, vai participar no programa Lojas de Saber, no Exploratório. O que é que o público pode esperar desta sessão? 
A sessão nas Lojas do Saber é dedicada à “Física do discurso musical”. Trata-se de uma pequena provocação: existe um tal tema?
A Natureza impõe alguma espécie de limites à música enquanto linguagem e, portanto, à criatividade musical? São reflexões de um músico amador que também é professor de Física. 
Diário das Beiras 12-10-2018
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