O BALOIÇO, O DO SEMINÁRIO DE COIMBRA
Ideia genial, a de colocar um baloiço, virado para a zona ribeirinha de Coimbra, a partir de um espaço fronteiro a essa mancha verde e aquática, de uma colina, a do Seminário.
As ideias que acabam por ter respaldo mostram-se fortes para andar. No caso, para baloiçar.
O novo Reitor do Seminário Maior de Coimbra, o Pe. Nuno Santos, lançou e materializou o projecto.
Coimbra, a Cidade cantada e eternizada pelos poetas, trovadores (do Vento que passa e não só…; dos que comem tudo; e dos cantadores do Fado e das Baladas, umas, de amor; outras, de intervenção…), encanta-se com e pelo Baloiço que está cravado na parte de trás do Seminário.
Passam magotes de jovens, de rapazes e raparigas, em direcção a esse brinquedo de jardim.
Vão dar umas baloiçadas, num vai e vem pendular, que lhes permite várias coisas:
Queres namorar comigo ? – pergunta o rapaz para a amiga, num panorama idílico e convidativo a que se espalhe a benfeitoria do amor e dos sentimentos da amizade que sabem unir para se ser mais Homem e mais Mulher, para se ser tudo o que a vida nos pode oferecer sem contrariedades e para nos fazermos e sermos felizes, aliás, como o estima e pretende o nosso Criador.
Queres jantar comigo hoje ou um destes dias para nos conhecermos melhor? – questiona o estudante para a colega de curso, inspirado pelo ambiente que se come com os olhos e se inspira pulmões adentro.
Queres passar a ser o/a amigo/a de hoje e daqui para a frente? – segreda-se ao ouvido, olhando o Mondego que se torna refém do Açude-Ponte e espelha Coimbra.
Queres continuar a ser o meu filho e/ou o meu marido querido com quem sonho, partilhando as agruras e as venturas da vida? – interroga a mãe ou a esposa, com o Rio e as margens a serem um quadro perfeito, a de uma pintura qualquer, do final do outro século.
O Baloiço num movimento de vaivém, com uma tábua a servir de assento, transportando os que ali vão fazer votos de e para a vida ou porfiando alcançar o que mais visionam ou alimentam para se fazerem felizes, acaba por ser uma alegoria que se transforma num postal de conveniente figurativo, o do amor entre pessoas.
Em criança, muito de nós, tivemos no baloiço a percepção do que seria a liberdade de esvoaçarmos, de um lado para o outro, numa velocidade percutida pelo impulso das pernas, que nos fazia andar para a frente e para trás. Tal-qual a nossa vida: umas vezes caminha; outras, desanda…
Que ideia soberba, a do baloiço, caro Pe. Nuno Santos.
Transpôs os de hoje para ontem, percebendo os desta era, a do séc. XXI, o efeito do balancear num recanto romântico; colocou os de ontem nos tempos de hoje, reportando-se a um simples baloiço que os faz recordar, reviver e retornar aos seus espaços de meninos e de juventude.
O Seminário já não é o que foi. Mas está a tentar ser um novo templo de atracção de todos, um espaço de acolhimento e de saber receber. Baloiçar é, e também, abraçar.
Haja Deus e vontade de se inovar, a bem de todos os Homens. Parabéns Pe. Nuno Santos.
António Barreiros
(foto de: Jorge Pedro)