O COLÉGIO DE SÃO JERÓNIMO.
O COLÉGIO DE SÃO JERÓNIMO é de todos os edifícios históricos o que se encontra mais próximo da Praça D. Dinis, e ficava vizinho do complexo jesuítico, também no coração da Alta, no centro da vida académica. As obras de edificação começaram sob a orientação de Diogo de Castilho, em 1565, mas a construção quinhentista sofreu forte muitos danos com o Terramoto de 1755.
Depois de extintas as ordens religiosas pelo Governo Liberal, em 1835, este colégio, como os outros todos, sofreu o mesmo triste destino, e o edifício foi abandonado e depois adaptado a usos inadequados. Em 1848, foi aqui instalado um primeiro serviço de assistência hospitalar.
Conserva obras de mérito, especialmente no campo da arquitectura e da decoração arquitectónica, a mais antiga das quais é o claustro, de tipo conventual, com afinidades com outros seus contemporâneos, como os dos Colégios do Carmo e de São Tomás, num tipo que em Coimbra designamos por “castilhiano”. Tem planta quadrangular e possui dois andares, sendo o inferior da ordem jónica e apresentando os lanços cobertos por uma magnífica abóbada esquartelada.
De uma época posterior, destaca-se a fachada da entrada principal, com um elegante portal e com as janelas molduradas, com elementos de grande correcção de traçado, ao melhor gosto setecentista do barroco erudito. Deste portal passa-se a um pequeno átrio que tem, à direita, o claustro que já referimos, e à esquerda, o primeiro lanço da grande escadaria de aparato, a mais bela de todas as conimbricenses dos séculos passados. O segundo lanço, o de maior nível estético tem a meio o vão do primeiro, delimitado por uma elegantíssima balaustrada de pedra, com as paredes cobertas, até cerca de 1,5 m de altura, por um lambril de azulejos, uns meramente decorativos e outros com cenas inspiradas em gravuras holandesas.
No patamar, abre-se um nicho que alberga uma escultura de São Jerónimo, datável de meados do século XVI e que saiu da mão de um seguidor de João de Ruão, ou mesmo da sua oficina. Todas as portas interiores desta zona estão molduradas por elegantes composições arquitectónicas de estilo barroco, denunciando todo o conjunto a actividade de um talentoso arquitecto cujo nome ainda ignoramos.
No andar nobre, após a escadaria, funciona o Museu Académico, cuja origem remonta ao ano de 1951, mas que está aqui instalado apenas desde 1987.
Logo na entrada, em torno do vão do claustro, é visível um curioso lambril de azulejos executado, no início do século XX, pelo pintor Alves de Sá, imitando gravuras francesas do século XVIII, e as molduras barrocas da azulejaria lisboeta do tempo.
Pedro Dias