Os Cafés de Coimbra estão a morrer
O que caracterizava a cidade eram os seus cafés centrais da cidade e as suas tertúlias académicas, num verdadeiro convívio entre professores, estudantes, comerciantes da cidade e profissões liberais, médicos e advogados, funcionários, engenheiros, juízes, jornalistas, que ultrapassavam bem de longe o âmbito de cafés de bairro onde estavam. Este ano com a morte do Nuno Rosa e da mãe o Café Ritz fechou, Resta na Avenida o café Avenida que frequento assiduamente. Ontem morreu o Dani, filho do Dono do Trianon, que já tinha falecido. Fica a mãe que já é idosa e certamente fechará. Com a gentrificação os que restam, ou ficam restaurantes ou bares, ou fecham, morrem.
O café Montanha já tinha desaparecido. Uma referência da Oposição na Baixa O Arcádia também, que era mais do Regime, Depois, a antiga Brasileira também da oposição. O Café Montanha reabriria nos anos 90 como uma pastelaria mas ao lado, já não era por baixo do famoso consultório do Dr. Moura Relvas. A brasileira abriria já neste século mas como mais pastelaria. O Café sempre fora mais pastelaria com casa de chá e Restaurante no andar de cima. Depois, havia a
cervejaria do Parque que fechou definitivamente as sua portas a semana passada, Julho de 2021. Restou o Nicola, o Central mais pastelarias na baixa e o célebre Café Santa Cruz que esse sim manteve sempre a sua traça, sito na antiga cantina dos frades, do mosteiro de Santa Cruz.
O Café Mandarim, conhecido pela vanguarda artística dos anos sessenta, e do mural de Vasco Berardo tornou-se um bar. O Café Pigalle, mais abaixo fechou. Do outo lado da Praça o café Moçambique, das extremas esquerdas e MRPPS passou a dois bares famosos e depois a um bar muito mau, O Café académico mais bar hoje, O Café Tropical das célebres tertúlias de Esquerda, mais bar do que café, cada vez mais. O Café Atenas muito frequentado pelos jovens socialistas, que até tinha alcunha de Pasok, Ps Grego, mais restaurante que café, O Painel, um pequeno café muito frequentado pelos estudantes do maio de 68/69 fechou portas. O Café LD na Av. Dos Combatentes também encerrou portas. Na Sé Velha não sei se ainda existe o café Oásis que era um verdeiro centro de conspiração de Esquerda.
No Ritz jogava-se Bilhar e estudava-se. No Trianon reunia-se a tertúlia maçónica e outros.
Restam os de bairro, em Santo António dos Olivais, o café Capri, o Bossanova, o Café Madeira, hoje pouco frequentado ao pé da minha casa que ainda conserva o nome de Leitaria Avenida. O Tosta já deve ter fechado e o Safari era mais para refeições ligeiras. Na cidade ainda subsistem alguns, os de bairro, no bairro Norton de Matos, O Penacovense, café Samambaia, e o Café Mónaco, muito frequentado por membros do PCP outrora. Na Solum o velho Tamoeiro hoje mais padaria, pastelaria, e o Piolho, por trás, mas muito fechado a uma certa clientela de bairro. Gentrificação, restaurantes, Bares e mortes naturais dos seus donos são a morte do que mais caracterizaria acidade de Coimbra. Não Pastelarias mas cafés que faziam o dias e as noites até de madrugada.
Luís Louzã Henriques